No próximo dia 30 de julho, acontece o primeiro show da série “Tributos Novabrasil” que celebra a vida e a obra de grandes nomes da nossa música que completam 80 anos em 2025. Gonzaguinha será o primeiro homenageado e um show repleto de sucessos do artista vai rolar no Teatro Claro, localizado no Shopping Vila Olímpia em São Paulo, com apresentações de Luciana Mello, Fabiana Cozza, Luiza Possi, Felipe Toca e Pedro Mariano, que também assina a direção musical de todo projeto.





Gonzaguinha, o eterno aprendiz
A trajetória de Luiz Gonzaga Júnior, o Gonzaguinha (1945–1991), foi feita de muitos ângulos, cores e camadas. Sim, assim como o pai, Luiz Gonzaga, Gonzaguinha é puro talento e, também, mudou o rumo da música popular brasileira.
Foi no agito das universidades do Rio de Janeiro, no final dos anos 1960, que Gonzaguinha começou a mostrar ao mundo a força de sua voz e de suas ideias. Estudante de economia, ele mergulhou de cabeça no Movimento Artístico Universitário (MAU), um caldeirão criativo que fervia no bairro da Tijuca.
Ali, ao lado de nomes como Aldir Blanc e Ivan Lins, e com visitas de peso como Milton Nascimento, Ney Matogrosso e Emílio Santiago, Gonzaguinha afinava suas canções com o pulsar da juventude e com os sonhos de um Brasil melhor. Mas foi nos palcos do Festival Universitário de Música Popular, entre 1968 e 1971, na antiga TV Tupi, que o movimento explodiu de vez. Era ali que as vozes até então marginais ganhavam o país – e encantavam.

O sucesso foi tanto que o grupo passou a aparecer com frequência no programa Som Livre Exportação, exibido na TV Globo, produzido pelo jornalista Nelson Motta. A atração virou vitrine de uma geração que queria cantar, dizer e transformar. E quem estava à frente desse espetáculo era Elis Regina e Ivan Lins — dois gigantes que davam ainda mais força ao que já nascia grande.
Durante os anos 1970, o Brasil conheceu um artista combativo, de expressão dura e palavras afiadas, que cantava verdades amargas com coragem e sem
concessões. Não à toa, foi rotulado como o “cantor rancor” por conta do tom de suas letras e da sua postura crítica diante da ditadura militar.
Associado às canções de protesto – “coração na boca, peito aberto, vou sangrando / são as lutas dessa nossa vida que eu estou cantando” -, mesmo depois que a ultrarromântica ‘Explode Coração’ virou sucesso na voz de Maria Bethânia, Gonzaguinha era visto por muitos como um artista militante.
Mas Gonzaguinha era mais que isso. E o tempo se encarregou de mostrar. Com a abertura política nos anos 1980, surgiu o compositor vibrante, esperançoso, que soube traduzir em canções o desejo coletivo de mudança, liberdade e afeto. Foi nesse momento que nasceram hinos como E vamos à luta (1980), onde ele canta com fé no futuro – “eu vou à luta com essa juventude / que não corre da raia a troco de nada / eu vou no bloco dessa mocidade / que não tá na saudade e constrói a manhã desejada.”
Um menino com sangue no olho, palavra afiada e coração cheio de amor por um país que ele sonhava mais justo. Entre guitarras, cadernos e utopias, os versos de Gonzaguinha ecoam cantando verdades que não envelhecem assim como “a pureza da resposta das crianças”. Confira também matéria especial Músicas de Gonzaguinha que continuam atuais até hoje.