Nas últimas décadas, o perfil da maternidade mudou: a busca por estabilidade profissional e financeira, aliada ao empoderamento feminino e ao avanço das técnicas de reprodução assistida, tem levado cada vez mais mulheres a adiar a decisão de ter filhos.
Consequentemente, a gravidez após os 35 anos — conhecida como gravidez tardia — tornou-se mais frequente, exigindo atenção especial para os riscos e cuidados necessários.
“Embora seja possível engravidar de forma segura após os 35 anos, essa fase da vida traz desafios que precisam ser enfrentados com informação e planejamento”, afirma a ginecologista e especialista em reprodução humana, Profa. Dra. Fabia Vilarino.
O que é a gravidez tardia e por que a fertilidade diminui?
Do ponto de vista médico, a gestação é considerada tardia quando ocorre a partir dos 35 anos. A partir dessa idade, a fertilidade feminina diminui devido à redução da reserva ovariana — a quantidade e a qualidade dos óvulos disponíveis para fertilização. “Os óvulos envelhecem com a mulher, o que aumenta as chances de alterações genéticas e reduz a taxa de sucesso da concepção natural”, explica a médica.
Essa diminuição da qualidade dos óvulos não apenas dificulta a gravidez, mas também eleva o risco de síndromes genéticas, como a Síndrome de Down, além de aumentar a incidência de abortos espontâneos.
Riscos e cuidados na gestação tardia
Engravidar após os 35 anos é possível, mas a gestação é considerada de alto risco, pois pode estar associada a complicações como hipertensão, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e parto prematuro. Por isso, o pré-natal deve ser mais rigoroso, com consultas frequentes, exames específicos e, em alguns casos, o uso de medicamentos para garantir a segurança da mãe e do bebê.
“Com um acompanhamento adequado, a gravidez tardia pode ser conduzida com tranquilidade, garantindo o bem-estar da gestante e do bebê”, enfatiza Dra. Vilarino.

Como se preparar para uma gravidez tardia
O primeiro passo é o planejamento reprodutivo. A especialista recomenda que mulheres que desejam adiar a maternidade cuidem da saúde desde cedo, adotando hábitos como:
- • Realizar acompanhamento ginecológico regular
- • Manter uma alimentação balanceada e praticar atividades físicas
- • Evitar o consumo de álcool, tabaco e drogas
- • Controlar doenças crônicas como hipertensão e diabetes
- • Avaliar a reserva ovariana e considerar o congelamento de óvulos para preservar a fertilidade
“Congelar óvulos enquanto a mulher ainda está em uma idade fértil é uma opção segura para quem deseja postergar a gravidez sem abrir mão da qualidade das células reprodutivas”, orienta a médica.
Planejamento é essencial
Além da saúde física, a preparação emocional também é importante. Planejar o momento ideal para engravidar, conversar com um médico sobre os riscos e as opções de tratamento, e estar preparada para o processo são etapas fundamentais para garantir uma gestação tranquila e segura.
“A informação e o planejamento permitem que a mulher concilie suas escolhas pessoais e profissionais com a segurança da saúde materno-infantil”, conclui Dra. Vilarino.
Com os avanços médicos e o acompanhamento adequado, a gravidez tardia pode ser vivenciada de forma segura, possibilitando que mais mulheres realizem o sonho da maternidade no momento que julgarem mais apropriado para suas vidas.



