por Lívia Nolla
Se não tivesse nos deixado em dezembro de 2013, aos 70 anos, por conta de complicações causadas por um câncer no pulmão, nosso eterno Rei do Brega, Reginaldo Rossi, completaria 80 anos neste 14 de fevereiro.
E, para homenagear o aniversariante do dia e seguir homenageando grandes compositores da nossa música popular brasileira, nós damos continuidade à série Saudando Grandes Compositores da MPB, em que contamos a história de grandes clássicos das carreiras desses artistas.
Sobre Reginaldo Rossi
Reginaldo Rodrigues dos Santos nasceu no Recife, capital de Pernambuco, em 14 de fevereiro de 1944. Chegou a estudar engenharia civil por quatro anos e foi professor de física e matemática, mas – por influência dos seus ídolos Elvis Presley e os Beatles – começou a cantar rock como crooner em boates de sua cidade.
Já com o nome de Reginaldo Rossi, iniciou sua carreira artística em 1964, comandando o grupo de rock The Silver Jets e – depois – integrando-se à Jovem Guarda, primeiro movimento musical do rock brasileiro e um dos maiores movimentos musicais e culturais de massa do país, que revolucionou o comportamento jovem brasileiro, liderado por Erasmo Carlos, Roberto Carlos e Wanderléa. Antes de estourar e ficar famoso, Reginaldo Rossi abria shows de Roberto Carlos.
Na sequência, Rossi – já bem conhecido – lançou seus três primeiros álbuns no estilo da época, o rock da Jovem Guarda: Reginaldo Rossi (em 1966, que trazia o grande sucesso O Pão, parceria com Namir Cury e Orácio Faustino), Festa dos Pães (1967) e O Quente (1968).
Em 1970, com o fim da Jovem Guarda, o artista se afastou do rock e lançou o álbum À Procura de Você, que o iniciou no gênero brega-romântico. Gravou sete álbuns durante a década de 70, enveredando de vez para este estilo. Em 1972 lançou Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme (composição de Cleide) – seu maior sucesso até então – e, na sequência, lançou outros hits, como: Desterro (composição própria) e Pedaço De Mau Caminho (de César e Círus).
Em 1980, com o álbum A Volta – que trouxe os sucessos Volta (parceria com Dom Pixote) e Amor, Amor, Amor (composição própria), Reginaldo Rossi ganhou seu primeiro disco de ouro, com mais de 100.000 cópias vendidas.
Já em 1987, o artista lançou o maior sucesso de sua carreira: o hit Garçom, com o qual alcançou a marca de dois milhões de cópias vendidas, tornando-se – definitivamente – um fenômeno nacional.
Primeiro, a canção estourou no Nordeste do Brasil e, no fim dos anos 90 estourou também no Sudeste, tornando-se um fenômeno.
Na primeira metade da década de 90, Rossi não lançou novos discos, mas – em 1999 – o disco Reginaldo Rossi the King vendeu um milhão de cópias, contando com a participação de convidados como Wanderléa, Erasmo Carlos, Golden Boys, Roberta Miranda e Planet Hemp. Esse ressurgimento provocou o relançamento de seus discos mais antigos em CD, e o cantor e compositor passou a ser visto como um símbolo cult.
Reginaldo Rossi lançou quase 30 discos e dois DVDs ao longo dos seus quase 50 anos de carreira, esteve em trilhas sonoras de novelas e teve seus sucessos regravados por nomes como Ivete Sangalo, Otto, Roberta Miranda e Filipe Catto.
Reginaldo ganhou uma estátua no Pátio de Santa Cruz, reduto da boemia recifense, no centro de Recife, produzida pelo arquiteto e escultor Demétrio Albuquerque. Reginaldo Rossi está sentado, como em uma mesa de bar, com uma garrafa e um copo.
E, para homenagear Reginaldo Rossi nesta data especial, vamos contar a história de um de seus maiores sucessos: o super hit Garçom.
A história de Garçom
Reginaldo Rossi contava que escreveu Garçom como forma de defender e homenagear todas as mulheres, para desmistificar a questão do chifre.
Em seus shows, o artista costumava contar, antes de cantar Garçom: “Eu era um cabra safado, vivia chifrando a minha mulher. Até que um dia, cheguei em casa e descobri que ele estava com outro. Fui para o bar beber e chorar”.
Aí, Reginaldo Rossi escreveu sobre essa figura do Garçom, “um muro de lamentações”, que tanto escuta os lamentos dos amantes sofredores, das pessoas que sofrem por amor.
Mas o mais interessante, é que o artista dizia que os homens no geral não prestavam, eram safados, mentirosos e infiéis. E que pensavam que podiam fazer tudo, mas que as mulheres não. “Homem adora chifrar, mas no dia que leva um chifre, fica doido, quer bater na mulher.”.
Reginaldo Rossi quis fazer Garçom para amenizar a questão da traição, “do ser corno”, como ele dizia. Para que os homens – que traem a beça – levassem com mais naturalidade a questão de também serem traídos. Uma música – digamos – anti-machista.
Gostou de saber mais sobre as histórias de grandes canções da nossa música popular brasileira? Continue acompanhando a nossa série Saudando Grandes Compositores da MPB. Hoje, homenageamos o aniversariante Reginaldo Rossi.