Se não tivesse nos deixado há exatos oito anos, Inezita Barroso, a grande dama da música caipira, completaria 98 anos neste 4 de março. Relembre a carreira da grande dama da música caipira como homenagem.
Sobre Inezita Barroso
Nascida em São Paulo, como Ignez Magdalena Aranha de Lima, Inezita adotou o sobrenome Barroso de seu marido e grande apoiador de sua carreira. Importante personagem da música tradicional de raízes brasileiras, sua primeira gravação em disco foi realizada no ano de 1951, com as canções:
- Funeral de Um Rei Nagô (de Hekel Tavares e Murilo Araújo);
- e Curupira (de Waldemar Henrique).
A artista gravou cerca de 100 discos, ao longo de mais de 60 anos de carreira, tendo entre seus principais sucessos as canções:
- Moda da Pinga (Marvada Pinga) (de Laureano);
- Lampião de Gás (de Zica Bergami);
- e Prenda Minha (Tradicional), pérolas do nosso cancioneiro popular.
Em 1950, Inezita ingressou na Rádio Bandeirantes. Na televisão, sua carreira começou junto com a TV Record, em 1953, onde foi a primeira cantora contratada. Depois, passou pela extinta TV Tupi e outras emissoras, até chegar à TV Cultura para comandar o famoso programa Viola, Minha Viola.
Viola, Minha Viola
Inezita Barroso apresentou o Viola, Minha Viola por 35 anos: de 1980 até a sua morte, em 2015, aos 90 anos de idade, em decorrência de uma insuficiência respiratória. Dedicado à música caipira, o programa recebia grandes nomes da música caipira e da música tradicional de raízes brasileiras.
A história do programa se confunde com a história do próprio gênero musical: foram mais de 1.500 programas gravados e exibidos, tendo dado enorme visibilidade também a diversas manifestações populares brasileiras como folias de reis, reisados, batuques, catiras, cururus e repentes.
Formada em Biblioteconomia na USP, Inezita foi uma grande pesquisadora da música caipira brasileira. Por conta própria, percorreu o interior do Brasil resgatando histórias e canções. Reconhecida por este trabalho, foi convidada a dar aulas sobre folclore em universidades paulistas.
Reconhecimentos
Pelo seu trabalho como folclorista, e por ser uma enciclopédia viva da música caipira e do folclore nacional, recebeu o título de Doutora Honoris Causa em Folclore e Arte Digital pela Universidade de Lisboa.
Em 2003, foi condecorada pelo governo do estado de São Paulo com a medalha de mérito Ordem do Ipiranga, recebendo o título de Comendadora da Música Folclórica Brasileira.
Na década de 1950, Inezita Barroso dedicou-se também à carreira de atriz, atuando nos filmes:
- Ângela (1950);
- O Craque (1953);
- Destino em Apuros (1953);
- É Proibido Beijar (1954);
- e Carnaval em Lá Maior (1955).
Recebeu o prêmio Saci de melhor atriz por sua atuação em Mulher de Verdade (1953).
Viva a eterna Inezita Barroso!