Nesta quinta-feira (12), no Rio de Janeiro, será lançado o livro Beth Carvalho – Uma vida pelo samba, do pesquisador musical Rodrigo Faour e que sai pela Sonora Editora. Com 440 páginas, a obra reconstrói a carreira de Beth Carvalho (1946–2019), uma das maiores intérpretes do samba brasileiro, com base em extensa pesquisa discográfica e entrevistas.
A publicação narra os caminhos trilhados por Elizabeth Santos Leal de Carvalho desde os anos 1960, quando participou de espetáculos como A hora e a vez do samba (1966) e Sexta-feira é dia de samba (1967), que já indicavam sua ligação com o gênero. Apesar disso, Beth ainda passou por fases voltadas à bossa nova, festivais e ao pop suingado antes de se firmar como sambista.
Segundo Faour, a conversão definitiva de Beth ao samba se deu em 1971, com a gravação do samba-enredo Rio Grande do Sul na festa do preto forro, da Unidos de São Carlos. O episódio marcou a ruptura com a gravadora Odeon, que havia priorizado Clara Nunes como principal nome do gênero. A mudança levou Beth à Tapecar, onde gravou três álbuns decisivos para sua identificação como sambista.
A obra adota o formato de discobiografia, detalhando cada álbum lançado por Beth — incluindo a coletânea Beth Carvalho canta Cartola (2003), que a própria artista considerava parte de sua discografia. Faour lista faixas, compositores, arranjadores e músicos, revelando os bastidores das produções. Ele também resgata momentos emblemáticos, como a gravação de 1.800 colinas, sucesso que impulsionou sua entrada na gravadora RCA em 1976.
O livro apresenta ainda o perfil de uma artista de personalidade forte, envolvida diretamente nos processos musicais. A cantora era conhecida por discutir arranjos e harmonias, o que gerava atritos, como relatado por Rildo Hora, produtor de álbuns clássicos lançados entre 1976 e 1984.
Embora focado na produção musical, Beth Carvalho – Uma vida pelo samba também aborda aspectos pessoais da trajetória da artista, como os problemas de saúde que afetaram sua carreira nos anos 2000. A informação sobre o câncer no sacro, condição que nunca havia sido revelada publicamente, aparece de forma discreta no fim da obra.
O livro também contextualiza o momento de menor visibilidade enfrentado por Beth a partir dos anos 1990, quando o mercado fonográfico passou a priorizar outros gêneros. Mesmo assim, ela se manteve ativa com projetos ao vivo e temáticos, reafirmando seu compromisso com o samba e com a valorização de novos talentos, especialmente os ligados ao bloco Cacique de Ramos.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/i/s/pHZpHpQjaB3XAiorFPgQ/bethvidasamba.jpg)
Capa do livro ‘Beth Carvalho – Uma vida pelo samba’. Foto: Divulgação.