Lucas Santanna é um artista interessante. Ele é cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor musical, reconhecido pela forma singular como funde a tradição da música brasileira com experimentações sonoras e eletrônicas.
Para iniciar a celebração de seus 25 anos de carreira, Lucas lançou recentemente uma música inédita com Gilberto Gil, nome que marca sua trajetória musical desde o início, como flautista da banda do projeto “Unplugged” (1994). A faixa “A História da Nossa Língua” une os dois artistas baianos com ritmo, história e identidade para exaltar a riqueza e complexidade de uma “língua brasileira”.
Concebida como um road movie linguístico, a canção, que estará presente no próximo álbum de Lucas, narra a jornada da nossa língua desde o latim vulgar na Itália até as influências do tupi-guarani no Brasil. “Quando terminei de compor ‘A História da Nossa Língua’, logo pensei em chamar Gil para cantar comigo. Um artista que simboliza oficialmente a ligação entre a música popular e a língua brasileira, justamente o assunto da minha canção. Foi ele que me introduziu na cena musical brasileira por meio do DVD ‘Unplugged’, então esse duo com ele une o primeiro capítulo da minha história com o mais recente.”, conta Lucas.
Com orquestração épica e elementos de arrocha, baixo motown, guitarras, sintetizadores e psicodélicos, a música apresenta a língua como uma personagem feminina. “Mas que mina, que mina essa?” canta a dupla sobre ela, que nasce latina e atravessa oceanos até encontrar o português, o tupi-guarani e outras matrizes que formam a base do idioma falado no Brasil.
Palavras como Itapuã, Ipanema, Maracanã e capoeira compõem a poética da faixa, representando a dinâmica viva dessa solução linguística de sucesso. Inspirada no livro “Latim em pó”, de Caetano Galindo, a letra convida o público a refletir, e dançar, sobre a língua como um organismo em constante transformação.
“É como se a nossa língua fosse um ser feminino que nasce na região de Lazio-Itália e depois faz uma longa viagem até encontrar o Tupi-Guarani, com a chegada das caravelas portuguesas no Brasil. Nessa jornada ela encontra outras “pessoas”, que são as línguas que fazem parte da formação do português e consequentemente do Brasiliano. São elas o Occitano, o Celta, o Galego, o Moçárabe, o tupi-guarani.”, explica Lucas.



