Ter filhos após os 40 anos deixou de ser exceção e se tornou uma escolha cada vez mais comum, seja por decisão pessoal, carreira ou circunstâncias da vida. A boa notícia é que os avanços na medicina reprodutiva e no acompanhamento pré-natal possibilitam que muitas mulheres realizem esse desejo com segurança. Mas, segundo o ginecologista Paulo Gallo de Sá, essa decisão exige atenção redobrada.
“A partir dos 40, há uma queda acentuada na quantidade e na qualidade dos óvulos, o que pode dificultar a concepção espontânea e aumentar os riscos de complicações durante a gestação”, explica o especialista. Entre essas complicações estão hipertensão, diabetes gestacional, parto prematuro e alterações cromossômicas, como a síndrome de Down.
De acordo com a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM), enquanto uma mulher de 30 anos tem cerca de 20% de chance de engravidar por ciclo, aos 40 esse índice cai para menos de 5%.
Preparação física e emocional
Antes de tentar engravidar, é fundamental uma avaliação médica completa, com exames de sangue, análise hormonal e ultrassonografias. Condições como miomas, endometriose ou disfunções da tireoide precisam ser identificadas e tratadas previamente.
O preparo físico também é essencial. “Manter uma rotina equilibrada, com alimentação saudável, prática regular de atividade física e sono de qualidade, contribui para aumentar as chances de sucesso e reduzir riscos gestacionais”, orienta o ginecologista. O suporte emocional também merece atenção, já que a maternidade tardia pode vir acompanhada de ansiedade e cobranças sociais.

Reprodução assistida como aliada
Os avanços da reprodução assistida, principalmente a fertilização in vitro (FIV), aumentaram as chances de uma gestação saudável após os 40. A técnica permite selecionar embriões viáveis, muitas vezes com auxílio do teste genético pré-implantacional (PGT), que reduz a probabilidade de alterações cromossômicas.
Em alguns casos, o uso de óvulos doados é uma alternativa segura e eficaz. “Cada paciente deve ser avaliada individualmente, considerando histórico clínico, estilo de vida e exames genéticos, para definir o melhor protocolo de tratamento”, destaca Gallo de Sá.
A maternidade após os 40 é possível, mas exige informação, planejamento e acompanhamento especializado. Com suporte médico adequado, essa experiência pode ser plena e transformadora para muitas mulheres.


