MULTIVERSOS: Rosa, de Pixinguinha

Oi, eu sou a Roberta Campos e te convido a entrar no MULTIVERSOS🪐 da música Rosa, de Pixinguinha.

Pixinguinha tocando Saxofone, 1940 | Foto: Acervo Pixinguinha / Instituto Moreira Salles

A história da música ‘Rosa’, de Pixinguinha

A valsa Rosa foi composta em 1917 pelo maestro, compositor, arranjador e músico Alfredo da Rocha Vianna Filho, conhecido como Pixinguinha.

Segundo o próprio autor, o título original era “Evocação”, seria uma música instrumental que veio receber letra muitos anos depois.

A letra de Rosa é um capítulo à parte. Rebuscada, parnasiana e lindíssima, foi composta por Otávio de Souza, um mecânico de profissão que morreu ainda jovem. Um compositor de uma única música, uma obra prima.

Conta a lenda que Otávio de Souza se aproximou de Pixinguinha enquanto o mestre bebia em um bar do subúrbio carioca para falar que havia uma letra que não saía de sua cabeça toda vez que ouvia sua valsa. Pixinguinha ouviu e ficou maravilhado.

A gravação de Orlando Silva

A gravação feita por Orlando Silva foi a responsável pela popularização de Rosa, com erro de concordância e tudo no trecho “sândalos dolente”.

Francisco Alves e Carlos Galhardo deixaram de gravar Rosa por terem se recusado a gravar Carinhoso, destinado ao Lado A do mesmo disco. Sobrou, então, a valsa para Orlando Silva, que lhe deu interpretação magistral.

Rosa é uma linda valsa de breque, mas de difícil interpretação vocal, especialmente para o uso de legatos, já que as pausas naturais são preenchidas por segmentos que restringem os espaços para o cantor tomar fôlego.

Quanto à letra, é também um exemplo do estilo poético rebuscado em moda na época. 

A música preferida de Dona Balbina

O desafio de regravar Rosa foi tentado por alguns intérpretes, recebendo o melhor resultado obtido por Marisa Monte, em 1990, com pequenas alterações melódicas.

Outra curiosidade é que Rosa era a canção preferida da mãe de Orlando Silva, Dona Balbina. Após sua morte, em 1968, Orlando Silva jamais voltou a cantar a canção pois se emocionava sempre.

Letra de ‘Rosa’, de Pixinguinha

Tu és
Divina e graciosa, estátua majestosa
Do amor, por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma, da mais linda flor, de mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor

Se Deus
Me fora tão clemente aqui neste ambiente
De luz, formada numa tela, deslumbrante e bela
O teu coração junto ao meu, lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz
Do arfante peito teu

Tu és
A forma ideal, estátua magistral, ó alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és
De Deus, a soberana flor
Tu és
De Deus, a criação, que em todo coração sepultas o amor
O riso, a fé, a dor, em sândalos olentes, cheios de sabor
Em vozes tão dolentes, como um sonho em flor

És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo, enfim, que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza

Perdão
Se ouso confessar que eu hei de sempre amar-te
Ó flor, meu peito não resiste
Ó meu Deus, quanto é triste
A incerteza de um amor que mais me faz penar e em esperar
Em conduzir-te um dia ao pé do altar

Jurar
Aos pés do Onipotente, em prece comovente
De dor, e receber a unção de tua gratidão
Depois de remir meus desejos em nuvens de beijos
Hei de te envolver até meu padecer de todo fenecer

Ouça a coluna completa aqui:

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS