Naná Vasconcelos: saiba mais sobre o Melhor Percussionista do Mundo

Hoje é dia de celebrar a existência de Naná Vasconcelos, que – se não tivesse nos deixado em 2016, aos 71 anos, após uma parada respiratória em decorrência de complicações causadas por um câncer no pulmão – estaria completando 79 anos neste 02 de agosto de 2023.

Eleito oito vezes o Melhor Percussionista do Mundo – pela revista americana Down Beat, considerada a “bíblia do jazz” – e ganhador de oito prêmios Grammy (entre latinos e estadunidenses), Naná Vasconcelos é considerado uma autoridade mundial em percussão.

Naná Vasconcelos foi ganhador de 8 prêmios Grammy | Foto: Divulgação

Naná Vasconcelos

Nascido Juvenal de Holanda Vasconcelos, na Recife de 1944, Naná teve o primeiro contato com instrumentos de percussão aos 7 anos, quando foi chamado pelo próprio pai para tocar bongô e maracas em um conjunto da cidade. 

Aprendeu a tocar sozinho ainda na infância, batucando em panelas e penicos e, autodidata, tocava quase todos os instrumentos de percussão, sem jamais ter frequentado nenhuma escola de música.

Aos 12 anos, já se apresentava com seu pai numa banda marcial em bares de Recife e participava de grupos de maracatu locais. Aprendeu primeiro a tocar bateria para então tocar berimbau.

A carreira nacional e internacional

Em 1967, mudou-se para o Rio de Janeiro onde gravou dois LPs com Milton Nascimento. No ano seguinte, viajou com Geraldo Azevedo para São Paulo, para participar do Quarteto Livre, que acompanhou Geraldo Vandré no III Festival Internacional da Canção.

No início da década de 1970, formou o Trio do Bagaço, com Nélson Ângelo e Maurício Maestro, apresentando-se, com o grupo, no México, a convite de Luís Eça.

Foi nesta mesma época que Gato Barbieri, saxofonista argentino, o convidou para fazer parte do seu grupo, fazendo com que o percussionista ganhasse projeção internacional, começando uma longa carreira fora do Brasil.

Bagunçando o jazz tradicional, que admitia até aquele momento apenas a percussão afro-cubana, Naná Vasconcelos contribuiu para a divulgação internacional do berimbau. O percussionista atuou também com artistas como B.B. King, David Byrne e Bjork, além do brasileiro Egberto Gismonti. 

A possibilidades com o berimbau

Naná formou, entre os anos de 1978 e 1982, ao lado de Don Cherry e Collin Walcott, o trio de jazz CoDoNa, com o qual lançou três álbuns de world jazz.

Grande valorizador da cultura negra e de todas as influências afro-brasileiras, Naná Vasconcelos é considerado um virtuoso no berimbau.

Adepto de métricas pouco usuais no jazz, mas muito tocadas no nordeste brasileiro, chamou a atenção do mundo inteiro com as possibilidades do seu genial e nada convencional berimbau, até então usado apenas na capoeira, e empenhou-se em explorar todas as potencialidades do instrumento.

O legado de Naná Vasconcelos

Gravou mais de 20 discos durante sua próspera carreira, além de ter sido produtor musical, composto trilhas sonoras para o cinema (como a da animação O Menino e o Mundo, que concorreu ao Oscar em 2016) e também uma importante liderança em eventos musicais e projetos sociais.

Nos seus últimos 15 anos de vida, Naná Vasconcelos abriu o Carnaval do Recife, acompanhado pelo cortejo de nações de maracatu.

No dia de sua morte, o estado de Pernambuco declarou luto oficial de três dias em memória do artista, que havia se tornado Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) um ano antes.

Viva, Naná Vasconcelos!

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