A gripe costuma ser vista como um incômodo passageiro. Mas, em alguns casos, ela pode deixar de ser apenas uma infecção respiratória para atingir um órgão vital: o coração. A chamada miocardite viral — inflamação do músculo cardíaco causada por vírus — é uma das possíveis complicações e merece atenção especial, sobretudo em períodos de surtos virais.
“Vírus como o influenza e o coronavírus podem provocar reações inflamatórias no organismo tão intensas que acabam afetando diretamente o coração”, explica o cardiologista Rodrigo Almeida Souza, especialista em cardiologia clínica e intervencionista. Segundo ele, esses agentes infecciosos são capazes de invadir as células cardíacas ou gerar uma resposta imune exagerada, causando lesões no tecido do miocárdio.
Sinais de que o coração pode estar envolvido
Embora os sintomas da gripe sejam amplamente conhecidos — como febre, dor no corpo e tosse —, alguns sinais devem acender um alerta para possível comprometimento cardíaco. Entre eles:
• dor ou aperto no peito
• falta de ar, mesmo em repouso
• palpitações ou batimentos irregulares
• tontura ou desmaios
• inchaço nas pernas
• cansaço extremo e sem explicação
“Se esses sintomas surgirem após uma gripe ou resfriado, o ideal é procurar atendimento médico imediatamente”, alerta o Dr. Rodrigo.
Diagnóstico e tratamento precoce são essenciais
O cardiologista é o profissional capacitado para investigar esses quadros e realizar exames como eletrocardiograma, ecocardiograma, exames de sangue e, em casos mais específicos, ressonância magnética cardíaca ou até biópsia do miocárdio. A detecção precoce da miocardite pode evitar complicações mais graves, como insuficiência cardíaca ou arritmias.

Vacinação é a melhor prevenção
Manter a carteira de vacinação em dia, especialmente com a vacina anual contra a gripe, é uma das formas mais eficazes de se proteger contra a miocardite viral. Bons hábitos de higiene, alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e atenção aos primeiros sinais de infecção também fazem parte da estratégia preventiva.
“A melhor forma de cuidar do coração é não adoecer. Mas, quando a infecção acontece, reconhecer os sinais e agir rapidamente pode salvar vidas”, conclui o especialista.



