Saiba quem foi Almirante, grande nome da história do Rádio

por Lívia Nolla
Almirante ao microfoneda Rádio Nacional, Rio de Janeiro (1942) | Foto: Acervo Almirante/MIS-RJ
Almirante ao microfone da Rádio Nacional, Rio de Janeiro (1942) | Foto: Acervo Almirante/MIS-RJ

Você sabe quem foi Almirante, conhecido como “A mais alta patente do rádio”, na Era de Ouro do Rádio?

Hoje seria aniversário de Henrique Foréis Domingues, cantor, compositor e radialista carioca que ficou conhecido como Almirante e também era chamado de “A mais alta patente do rádio”, na Era do Rádio, período que durou entre os anos 30 e 40.

Pioneiro da música popular no país e foi um dos mais criativos profissionais do rádio no Brasil, Almirante começou sua carreira musical em 1928, no grupo amador Flor do Tempo, formado por alunos do Colégio Batista, do bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Além dele – que cantava e tocava pandeiro – faziam parte do grupo os violonistas Braguinha – conhecido como João de Barro – Alvinho e Henrique Brito.

Em 1929, o grupo foi convidado a gravar um disco e incluiu mais um violonista, do bairro vizinho de Vila Isabel, um jovem talentoso chamado Noel Rosa. Com a entrada de Noel, o grupo foi rebatizado para Bando de Tangarás, nome inspirado numa lenda do litoral paranaense, a “dança dos tangarás” que conta a história de um grupo de pássaros (os tangarás) que se reúne para dançar e cantar alegremente.

O Bando se desfez em 1933 – e Noel Rosa faleceu em 1937, com apenas 26 anos – mas Almirante continuou sua carreira como cantor, interpretando sambas e músicas de carnaval, muitas de grande sucesso e hoje clássicos da música popular brasileira, como O Orvalho Vem Caindo (de Noel Rosa e Kid Pepe), Yes, Nós Temos Bananas e Touradas em Madri (ambas de João de Barro e Alberto Ribeiro), entre outras.

O artista ingressou na rádio no início dos anos 1930, como cantor, no programa Casé. Em 1935, criou o quadro Curiosidades Musicais. No final dos anos 1930, já na Rádio Nacional, lançou o programa Caixa de Perguntas.

Passou por emissoras como a Rádio Philips, Nacional, Record, Tupi. Globo e Club do Brasil e teve programas como Tribunal de Melodias; História do Rio pela Música; Instantâneos Sonoros do Brasil e História das Orquestras e Músicos, para citar alguns. Em todos eles, a divulgação da música popular de todos os cantos do Brasil era o maior foco.

Almirante também é autor de uma das mais famosas músicas carnavalescas, Na Pavuna, e possuía uma enorme biblioteca e discoteca sobre música brasileira. Em 1951, ele tornou-se o primeiro biógrafo de Noel Rosa, o Poeta da Vila, ao produzir para a Rádio Tupi do Rio de Janeiro a série de programas semanais No Tempo de Noel Rosa, com histórias, depoimentos e interpretações de suas músicas, muitas delas inéditas.

Almirante (à esquerda) no programa “A história das orquestras e músicos do Rio” – Rádio Nacional, Rio de Janeiro (1945) | Foto: Acervo Museu da Imagem e do Som/MIS-RJ

Entre outubro de 1952 e janeiro de 1953, também publicou na Revista da Semana, em capítulos, A Vida de Noel Rosa. Em 1963, com o mesmo título da série radiofônica, a editora Francisco Alves lançou seu livro sobre o ex-companheiro do Bando de Tangarás.

Além de sua relação com o samba, Almirante também se tornou famoso em todo o Brasil por criar e apresentar o seu programa de maior sucesso: Incrível, Fantástico, Extraordinário, na Rádio Tupi, que mais tarde veio a se tornar filme, programa de televisão, revista em quadrinhos e livro.

No programa, Almirante recebia cartas dos ouvintes da Tupi contando histórias misteriosas que teriam acontecido com eles, e no programa essas narrativas eram interpretadas pelos atores e músicos da rádio. O programa atravessou as décadas de 1950 e 1960, e até nos anos 1990 ainda existiam novas versões.

Durante todo o tempo em que se manteve ativo, Almirante também cuidou de formar – com suas pesquisas e produções em décadas de atuação em emissoras de rádio – o arquivo de música popular adquirido pelo Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro, em 1965.

O artista faleceu em dezembro de 1980, vítima de um aneurisma cerebral, mas deixou um imenso legado para a música popular brasileira.

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