X1: modalidade de futebol com a ginga do Nordeste

Por Sarah Chamiê

Em 1980, Luiz Gonzaga compôs “Lá Vai Pitomba”, uma música que se mantém atemporal. A letra da canção, surpreendentemente, revela um pouco sobre o universo do X1, um estilo de futebol que envelheceu bem e continua a cativar entusiastas.

“De pé em pé
A bola no gramado
Vai de lado a lado
E lá vai pitomba
Do meio do campo
Vai para o ataque
Que não é de araque
E lá vai pitomba

O goleiro sai
Consegue espalmar
Meu time de novo vai lá
No pé, na cabeça
No corpo, no chão
Meu time jogando um bolão
E é gol”

A música descreve o jogo de X1, destacando a dinâmica intensa em campo, onde a bola vai de pé em pé, de lado a lado, do meio do campo para o ataque, com o goleiro saindo para espalmar. O jogo reinicia rapidamente, com dribles e tentativas incessantes de abrir o placar.

O X1 Brazil

Considerada uma das modalidades esportivas de maior crescimento no país, o X1 é um duelo mano a mano entre dois jogadores, cada um com seu goleiro, em dois tempos de 15 minutos. Os atletas têm a oportunidade de pedir uma pausa técnica por etapa, e em caso de empate, a decisão vai para o shoot-out que consiste em cobranças alternadas para cada equipe, até que haja um vencedor.

O vencedor não apenas conquista o cobiçado Cinturão da X1 Brazil, mas também leva para casa uma premiação de R$ 50 mil. A competição está dividida em três categorias: Campeonato, Circuito e Combate, sendo este último considerado a elite do X1. Cada etapa ocorre em uma cidade diferente, com início e encerramento no mesmo local, sem que nada fique em aberto.Em uma edição recente realizada em 18 de dezembro, o campeonato lotou o Ginásio Geraldão, localizado na Região Metropolitana do Recife (RMR) , que tem capacidade para 15 mil pessoas, ainda deixando espectadores do lado de fora na esperança de conseguir um assento.

Geraldão durante edição de junho do X1 Brazil Combate — Foto: Tiago Caldas

Do Recife para o Brasil

Originado no bairro do IPSEP, o X1 encontrou seu caminho para a cultura popular, ganhando destaque nas últimas décadas como afirma o treinador, Thiago China:

“O X1 é um esporte de comunidade e surgiu no IPSEP, em 2010, quando os meninos apostavam 500, 100, 1000 reais. Aí na pandemia como ninguém tinha nada pra fazer, todo mundo sem trabalhar começou a ter jogo de x1. Ai abriu uma live no X1 ai dai a modalidade começou a crescer. Passou-se tempo e a modalidade começou a crescer e surgiu a X1 Brazil que veio para alavancar a modalidade que hoje é conhecida no mundo todo.”

Cada jogador é apoiado por uma casa de apostas. Na última edição, em Recife, o jogo mais esperado foi entre Vassoura (representando Aposta Ganha) e Cinho (representando Bet Esportes). Este confronto épico atraiu a atenção das casas de apostas, com um montante impressionante de R$ 500 mil em jogo, resultando no tão falado “Jogo do Milhão.”

Foto – acervo pessoal do atleta Jamerson Mateus (Paçoca)

O “Jogo do Milhão” teve a transmissão exclusiva da CazéTV, a emissora do influenciador Casimiro Miguel, que possui uma audiência massiva de 11 milhões de seguidores apenas no YouTube.

O jogador de X1, Angelo Souza, ganhador do prêmio de Melhor da Temporada de 2023 na modalidade Golden Boy, destaca a evolução do esporte. Para ele a importância do x1 é tudo, porque é seu meio de sustento e trabalho.

“Sempre tive sonho de ser jogador de futebol profissional, porém nunca tive oportunidade. Quando surgiu o x1 abrindo as portas para vários atletas, hoje eu sou um deles. Vem mudando minha vida, é apenas o começo e espero crescer muito mais na modalidade”.

O esporte começou a ser praticado em bairros periféricos de várias capitais do país e o sucesso nas redes sociais das transmissões ao vivo impulsionaram ainda mais a modalidade. Grandes marcas viram oportunidades de profissionalizar o X1, organizando eventos milionários com premiações altas para os competidores. O que se sabe é que o jogo que começou em um pequeno bairro do recife vai pouco a pouco ganhando o país e transformando a vida de muitos jovens.

Confira reportagem abaixo:

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