Nem é um presságio dizer que onde tem Salgadinho tem música! Sempre acompanhado de seu cavaco, o artista é o convidado da semana no +Preta, onde reflete sobre a importância cultural do Pagode 90 e conta as histórias preciosas de sua memória musical mais preta.
Cantor, compositor e instrumentista, Salgado estourou nos anos 90 com o Katinguelê, formado em 1983, na Zona Sul de São Paulo. O nome do grupo foi inspirado na música Roda de Samba da Bahia, do disco Divina Luz do Grupo Fundo de Quintal, referência para todos os integrantes.
Até hoje, sucessos como Um Doce Sabor, Cilada, Corpo Lúcido e Inaraí ficaram marcados na história e repertório do grupo.
O Katinguelê fez parte de um movimento que marcou o Brasil e a juventude negra, o chamado Pagode 90, assim como como Negritude Júnior e Soweto, por exemplo. A potência e popularidade dos grupos de pagode nas rádios e nos programas de TV foi sucesso estrondoso nas paradas, criou moda e elevou o nível dos shows no Brasil.
Apaixonado por cavaquinho, Salgadinho é uma das referências no instrumento, especialmente por ter criado videoaulas para iniciantes quando o formato de ensino ainda não era tão popular. O apego pelo samba, diz o artista, vem do berço musical em que foi criado. Sua vó, por exemplo, também tocava cavaquinho.
“Eu acho que é muito mais uma causa social o Pagode 90 do que só uma coisa comercial. Isso elevou a autoestima das pessoas das favelas.” aponta Salgadinho
Salgadinho começou a tocar cavaco nos barzinhos com 19 anos. Desde pequeno, aprendeu a tocar o instrumento com paixão por conta de sua família. Jorge Ben Jor, Jorge Aragão e Fundo de Quintal foram algumas das referências indicadas na conversa com Adriana Couto.
Com a entrada no Grupo Katinguelê, Salgado reflete sobre as composições da época, assim como a movimentação social do Pagode 90:
É justamente essa coisa do pagode de 90, onde nós tínhamos um pouco mais de liberdade, porque não estava tudo enquadrado como produto. Portanto, tinha muita liberdade para poder escrever e as melodias vinham da nossa infância, do nosso memória afetiva.
Ouça o episódio na íntegra:
Sobre o ‘+Preta’
+PRETA coloca no dial da Novabrasil músicas cantadas e/ou compostas por artistas negros e negras brasileiras de diferentes gerações. O programa embarca na diversidade da produção contemporânea, mas não perde a chance de apresentar clássicos e raridades.
Sem preconceitos e com muito afeto o +PRETA celebra a beleza e força criativa da música brasileira a partir da experiência de uma pessoa negra.
A cada edição, um/uma artista, personalidade, ou intelectual negra divide com o público suas memórias musicais + pretas em quadros especiais como: o samba da vida, a música da família, o som revolucionário, o hit que inspirou uma mudança.
No comando do microfone, a apresentadora Adriana Couto, uma das profissionais mais conhecidas do jornalismo cultural.
Confira a playlist oficial do programa: