Deputado bolsonarista vai presidir CPI para investigar transição de gênero no HC de SP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O deputado estadual Gil Diniz (PL) foi eleito na tarde desta quarta-feira (14) presidente da CPI instaurada na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) para investigar a terapia para transição de gênero destinada a crianças e adolescentes oferecida no AMTIGOS (Ambulatório de Identidade de Gênero e Orientação Sexual) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Diniz foi o proponente da comissão. Tido como braço da família Bolsonaro na Assembleia, o deputado diz querer proteger a infância dos pacientes.

A vice-presidência ficou a cargo de Beth Sahão (PT). A parlamentar afirma ser o AMTIGOS um “centro exemplar”.

“Eles realizam um trabalho fundamental tanto para auxiliar os jovens quanto para mitigar o sofrimento de familiares”, disse ela.

Diniz indicou o Tenente Coimbra, seu correligionário, para a relatoria.

Ainda compõem a CPI os deputados Analice Fernandes (PSDB), Tomé Abduch (Republicanos), Guto Zacarias (União), Dr. Elton (PSC) e Guilherme Cortez (PSOL).

Cortez diz estar “barbarizado” pela investigação direcionada a um grupo já tão estigmatizado no país.

“Essa CPI aborda um tema muito sensível para milhares de famílias. Estamos no país que mais mata LGBTs. Há uma tentativa da direita de ganhar capital político com isso”, afirmou.

O psolista foi atacado por Guto Zacarias. O deputado do União afirmou que crianças trans não existem e disse que seu colega tenta deturpar a realidade.

“Criança trans é igual a gato vegano, quem faz a escolha é o dono, é o pai”, disse.

Zacarias ainda questionou a afirmação de que o Brasil é o país com mais homicídios de pessoas LGBTQIA+, o que deixou em polvorosa outros integrantes da CPI.

Analice Fernandes apelou ao presidente por mais decoro, e Diniz respondeu à tucana não pretender censurar seus colegas. Pouco depois, Fernandes, inquieta, deixou o plenário. “Querem desviar o foco de tudo”, disse à reportagem.

De acordo com relatório anual da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) divulgado em janeiro, o Brasil foi, pelo 14º ano consecutivo, o país com maior número de homicídios de pessoas travestis e transexuais -em 2022, 131 indivíduos foram mortos no Brasil.

Os trabalhos da comissão devem ter início somente após o recesso parlamentar, previsto para o período de 30 de junho a 1º de agosto.

BRUNO LUCCA / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS