O perigo da Leishmaniose na Baixada Santista

Eduardo Filetti
Eduardo Filetti
Eduardo Ribeiro Filetti é médico veterinário e professor universitário, pós graduado em Clínica Veterinária de pequenos animais, além de mestre em Saúde Pública, É membro da Academia de Letras de Santos e especialista em Saúde Pública.
Créditos: Divulgação

A Baixada Santista tem se deparado com muitos casos de Leishmaniose, o que tem preocupado muito a população, principalmente os proprietários de animais. Trata-se de uma doença infecciosa em animais e humanos causada por protozoários parasitários do gênero Leishmania transmitidos pela picada de
insetos da subfamília Phlebotominae. Existem três tipos principais: leishmaniose cutânea, leishmaniose mucocutânea e leishmaniose visceral.

Hoje, contabilizamos mais  de 30 casos somente na  cidade de Santos. Não é um número de casos que qualifique como epidemia, mas é importante ficarmos atentos para evitarmos essa concretização. Afinal, houve um surto dessa doença no Estado em 2018, preocupando as autoridades públicas de Saúde.
Neste ano, houve muitos casos identificados no Morro do São Bento, em Santos, que torna de vital importância a propagação das causas, prevenção e consequências dessa doença que pode levar a óbito animais e seus donos.

Classificada entre as seis endemias prioritárias no mundo (segundo o Ministério da Saúde), a leishmaniose acomete principalmente cães, gatos e humanos, e é desconhecida por muitas pessoas. Os números revelam o impacto dela no Brasil: 90% dos casos da Leishmaniose Visceral Canina na América
Latina acontecem no Brasil. Entre o ano de 2009 e 2013, 18 mil casos foram confirmados em humanos. A doença vem ganhando a atenção de todos, pois os casos estão aumentando a cada ano, assim como a taxa de mortalidade de cães e humanos.

Os cães são considerados reservatórios da Leishmaniose e fonte de infecção para o vetor (inseto). Ou seja, a doença não passa de cão para cão, nem de cão para pessoa, somente pela picada do mosquito transmissor infectado.

Os sintomas demoram de dois a três anos para aparecer no animal e incluem pele e mucosas com feridas, queda de pelos da orelha e em volta do nariz, emagrecimento e crescimento exagerado da unha. Os órgãos internos como fígado, baço e pulmão, são afetados. Já em humanos os sintomas são febre
intermitente por semanas, fraqueza, perda de apetite, emagrecimento, anemia, palidez, aumento do baço e do fígado, comprometimento da medula óssea, problemas respiratórios, diarreia, sangramento na boca e nos intestinos.

Quem apresentar os sintomas deve sempre procurar o veterinário de sua confiança.

Para prevenir, quem mora em área de mata devem usar repelentes e roupas de manga comprida – o mesmo vale para quem for fazer trilhas. Já os cães devem usar coleiras com repelente, ficar em áreas teladas e, se possível, serem vacinados contra o problema.

Importante esclarecer que a doença é qualificada como infecciosa, mas não é contagiosa. Não passa pelo toque, somente e exclusivamente pelo mosquito transmissor.

O Poder Público tem feito sua parte, tendo realizado exames e criado uma Comissão de Investigação, Prevenção e Controle da Leishmaniose e dado capacitação periódica aos agentes de controle de endemias e demais profissionais de saúde da rede municipal.

Cabe a população também agir nesse sentido, realizando exames e principalmente dando atenção aos nossos animais, colocando coleira repelente e mantendo em locais telados em caso que se confirme a doença que não tem cura, mas quanto antes identificada facilita o controle e o tratamento da
doença.

Se todos nos empenhamos, a Leishmaniose não vencerá essa guerra na Baixada Santista.

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