Silas de Oliveira: a história da música “Aquarela Brasileira”

Hoje, dia 04 de outubro, seria aniversário de um dos compositores e sambistas mais importantes da história da música popular brasileira: Silas de Oliveira.

E, para homenagear o aniversariante do dia e seguir homenageando grandes compositores da nossa música popular brasileira – que são tão importantes e têm uma contribuição tão significativa quanto cantores, intérpretes e músicos – nós damos continuidade à série Saudando Grandes Compositores da MPB, em que contamos a história de grandes clássicos das carreiras desses artistas.

Silas de Oliveira (1972)
| Foto: Manoel Soares/Reprodução

Silas de Oliveira

Nascido no subúrbio de Madureira, no Rio de Janeiro, em 1916, Silas de Oliveira era frequentador assíduo das rodas de samba desde menino. Por insistência de seu pai, trabalhou como professor, mas a paixão pelo samba sempre falou mais alto.

Em 1934 compôs, com seu parceiro Mano Décio da Viola, o seu primeiro samba, intitulado Meu Grande Amor. Por essa época, Mano Décio o levou para a escola de samba Prazer da Serrinha, que posteriormente, em 1947, se tornaria o Grêmio Recreativo e Escola de Samba Império Serrano, do qual os dois amigos – junto com outros sambistas – foram fundadores. 

28 anos de dedicação à Escola Império Serrano

Silas começou tocando tamborim e passou a ser diretor de bateria da escola. Seu primeiro samba para a Império Serrano foi Sagrado Amor (em parceria com Manula). O artista dedicou 28 anos de sua vida à escola e, nesse período, fez 16 sambas-enredo, dos quais 14 foram apresentados no desfile oficial.  

Muitos desses sambas-enredo tornaram-se clássicos do gênero, sendo o principal deles Aquarela Brasileira, de 1964. E é sobre esta canção que nós vamos falar daqui a pouco.

Com Dona Ivone Lara, Silas de Oliveira formou outra bela parceria, compondo com ela Os Cinco Bailes da História do Rio ou Os Cinco Bailes da Corte, samba-enredo que ficou em segundo lugar no carnaval de 1965. 

Os dois artistas se conheceram na Império Serrano e começaram a compor juntos, mas Dona Ivone Lara – por conta do machismo e preconceito predominante na época, que não permitia que mulheres fossem compositoras de samba – passou 20 anos sem poder assinar as suas composições, entregando-as para o seu primo, Mestre Fuleiro, assinar. 

O primeiro samba que Dona Ivone Lara pôde assinar foi justamente este, em parceria com Silas de Oliveira e Bacalhau, aos 44 anos de idade, enfrentando todas as restrições feitas às mulheres até aquela época, quebrando as barreiras impostas e conquistando seu espaço, atingindo o reconhecimento de sua obra como uma das principais compositoras de samba da história.

Importantes sambas de Silas de Oliveira

Outros importantes sambas de Silas de Oliveira são:

  • Heróis da Liberdade (1969, em parceria com Mano Décio da Viola e Manoel Ferreira);
  • Pernambuco, Leão do Norte (de 1968);
  • e Glória e Graça da Bahia (de 1966, em parceria com Joacyr Santana).

No dia 20 de maio de 1972, passando por dificuldades financeiras, Silas de Oliveira foi a uma roda de samba no Clube ASA, em Botafogo, na tentativa de arranjar dinheiro para matricular uma de suas filhas no vestibular.

No momento em que cantava Os Cinco Bailes da História do Rio, um de seus sambas-enredo mais famosos, sofreu um infarto fulminante. 

Silas foi velado na Associação de Escolas de Samba e, na ocasião do enterro, o presidente da Portela, Natal da Portela, sugeriu que fosse cantado seu samba Heróis da Liberdade, que passou a ser executado em funerais de sambistas a partir daí.  

Seu nome foi dado à principal rua da comunidade do Morro da Serrinha: Rua Compositor Silas de Oliveira, no morro que divide os subúrbios de Vaz Lobo e Madureira. O viaduto que faz a ligação entre os dois lados da linha do trem de Madureira também leva o seu nome.

A história da música “Aquarela Brasileira” (1964), de Silas de Oliveira

O samba, composto por Silas de Oliveira em 1964, é uma homenagem a outro grande clássico da MPB, Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, lançado em 1939. 

A escola de samba Império Serrano apresentou este samba no desfile de 1964, ocasião na qual ficou em quarto lugar.

Segundo os cronistas do Carnaval carioca, a notícia da morte de Ary Barroso – justamente no dia 9 de fevereiro de 1964, dia do desfile da escola – chegou à Avenida Presidente Vargas quando a Império Serrano se preparava para começar seu desfile, o que teria tirado o ânimo dos componentes, justificando o quarto lugar. 

Em 2004, a escola fez uma reedição do enredo, ficando em nono lugar e ganhando o Estandarte de Ouro, de Melhor Escola e Melhor Samba-enredo.

“Aquarela Brasileira” exalta o Brasil

Aquarela Brasileira exalta o Brasil, contando em seus versos a respeito das regiões geográficas, a arquitetura tradicional e moderna, as lendas e costumes das diferentes culturas dos povos que compõem a nossa nação. 

Parte da região Norte do Brasil, caracterizando a extração da borracha na bacia amazônica; em seguida continua sua expedição pelo Nordeste, das dunas do Ceará às festas do interior de Pernambuco e Bahia, de seus costumes e religião. 

A chegada a Brasília, região Centro-Oeste do Brasil, recém-inaugurada à época, marca a mudança para a modernidade, culminando com São Paulo que, na divisão política de então, pertencia à região Sul do Brasil, e ao Rio de Janeiro, onde o samba encerra sua jornada, representando a região Sudeste do Brasil. 

Grande clássico da nossa história, Aquarela Brasileira foi regravada por vários dos grandes nomes da MPB como:

  • Elza Soares;
  • Martinho da Vila;
  • Emílio Santiago;
  • Fernanda Abreu;
  • Alcione;
  • Leci Brandão;
  • Simone;
  • Zeca Pagodinho;
  • e Dona Ivone Lara.

Gostou de saber mais sobre as histórias de grandes canções da nossa música popular brasileira? Continue acompanhando a nossa série Saudando Grandes Compositores da MPB. Hoje, homenageamos o aniversariante Silas de Oliveira.

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