A inflação na Argentina fechou o ano de 2023 com o índice de 211,4%, segundo o Instituto de Estatística e Censos do país. O número representa a maior taxa anual desde a hiperinflação em 1990, momento histórico em que os argentinos enfrentaram uma alta superior a 1.300%.
De acordo com o analista de política internacional, Gustavo Segré, o ‘megadecreto’ anunciado pelo novo presidente da Argentina, Javier Milei, é uma boa medida para ajustar a economia do país, mas a ausência de governabilidade poderá ser entrave para novo governo.
“Milei não tem nenhum governador ou prefeito e tem apenas 35 deputados sobre os 257 e só 7 senadores sobre 71 senadores. O Milei é um caso atípico na política porque ele é economista e trabalhava em programas de televisão com aquele cabelo penteado de forma estranha. A Argentina não tem ‘centrão’, não tem emendas, mas de qualquer maneira sempre existe essa ambição de poder de alguns que podem virar a casaca e passar da oposição a aliança de governabilidade, essa é a expectativa que tem o Milei”, explica o analista.
Apesar da dificuldade de passar pelo Congresso, o analista avalia como positiva a tentativa do presidente argentino.
” O megadecreto está bem constituído em termos das necessidades de lei, são 366 leis. Pode funcionar, esse decreto é de necessidade de urgência, pra gente fazer um comparativo, seria como uma Medida Provisória no Brasil. Depois ele vai precisar ser confirmado pelo Congresso. Curioso que este esteja sendo tão criticado, mas muito por setores do populismo de esquerda do governo Fernandez. Não é uma tarefa fácil, a Argentina terminou o ano passado com inflação anual de 211%, acima da Venezuela, que não é um dos melhores exemplos da América Latina, mas isso mostra a grave situação econômica da Argentina. 68% das pessoas que estudam ensino médio têm desejo de ir embora do país por falta de futuro e o salário vai se deteriorando. Somente no mês de dezembro, a inflação mensal foi 25.5%”, opina.
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