O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Cláudio Aparecido da Silva, esteve na Baixada Santista neste domingo (3), e afirmou que os boletins de ocorrência registrados nas ações que resultaram nas 39 mortes durante Operação Verão, são cópias um do outro.
Segundo Claudio, os boletins de ocorrência em que teve acesso apenas apresentam o lado dos policiais. Em nenhum deles o suspeito baleado e que sobreviveu foi ouvido. “É igualzinho [os boletins de ocorrência], não muda nada. E uma questão que é muito relevante dizer é que essas pessoas têm apresentado para nós uma série de elementos que nos levam a crer que não têm tido confrontos”, disse.
Ele ainda citou que os moradores das comunidades em que as ações estão sendo feitas, têm sofrido intimidação, e por este motivo, deixaram de denunciar. As autoridades estiveram em Cubatão e São Vicente, nesta última foram ouvidas duas das cinco testemunhas que iriam falar. As outras três desistiram por medo, segundo Cláudio.
Ele inclusive citou ter obtido provas de uma coação. “A prova da intimidação que a gente colheu aqui hoje é um vídeo em que os policiais invadem uma cerimônia de sepultamento de uma vítima”.
Em Cubatão, na Vila dos Pescadores, seis testemunhas falaram com os ouvidores. As autoridades foram recebidas com faixas com os dizeres: “Não existe confronto quando só um lado atira”, durante protesto pacífico.
De acordo com a ouvidora nacional do Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania, Luiza Paula Moraes Cantal, uma das situações mais criticadas é a abordagem das forças policias e a suposta interferência de agentes no ambiente onde há troca de tiros e mortes.
Em nota, a SSP disse que as corregedorias estão à disposição para formalizar e apurar toda e qualquer denúncia contra agentes públicos, reafirmando o compromisso com a legalidade, os direitos humanos e a transparência.