Trump questiona se Kamala é ‘indiana ou negra’ e diz que adversária explora raça

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS0 – Donald Trump questionou a raça de Kamala Harris e sugeriu que a democrata está explorando eleitoralmente ser negra em um evento com jornalistas negros em Chicago nesta quarta-feira (31).

“Ela sempre teve origem indiana e apenas promovia a origem indiana. Eu não sabia que ela era negra até alguns anos atrás, quando ela por acaso se tornou negra, e agora quer ser conhecida como negra. Então eu não sei, ela é indiana ou é negra?” questionou Trump.

“Eu respeito ambas as coisas, mas ela obviamente não respeita, porque ela era indiana o tempo todo e então, de repente, ela fez uma mudança e se tornou uma pessoa negra. Acho que alguém deveria investigar isso, também”, completou.

Kamala é filha de mãe indiana e pai negro, nascido na Jamaica. Ela foi a primeira vice-presidente dos EUA negra e asiática e, se eleita, será a primeira mulher negra e asiática a ocupar a Presidência.

As falas aconteceram durante a convenção da Associação Nacional de Jornalistas Negros, realizada em Chicago. A participação do candidato republicano no evento, que já havia gerado polêmica dentro da organização ao ser anunciada, foi tensa.

Ao ser questionado pela jornalista Rachel Scott, da ABC, por que eleitores negros deveriam votar nele, tenso em vista comentários racistas feitos no passado, Trump afirmou que nunca ouviu uma pergunta tão ruim, reclamou de a entrevistadora não ter falado “oi, como você está” e acusou sua emissora de ser uma “rede de fake news horrível”.

A plateia ainda corrigiu a pronúncia propositalmente errada do nome de Kamala feita pelo ex-presidente (ele fala “Kamála”, não “Kâmala”).

A entrevista terminou abruptamente, quando a jornalista Harris Faulkner (Fox News), que também participava do painel, fazia uma pergunta sobre o Projeto 2025 -um conjunto de propostas conservadores radicais elaborado por muitos aliados e ex-integrantes do governo Trump, mas rejeitado pelo candidato.

A Casa Branca já reagiu às falas do republicano. Falando a jornalistas na tarde desta quarta, a secretária de imprensa Karine Jean Pierre -que é negra- classificou os comentários de “repulsivos” e ofensivos”. “Ninguém tem o direito de dizer a outra pessoa o que ela é”, afirmou.

A temática racial e de gênero é espinhosa para republicanos, que vêm tentando refinar uma estratégia de ataques à oponente sem abrir caminho para acusações de racismo e machismo.

Logo após ser endossada por Joe Biden para substituí-lo na chapa democrata, Kamala foi chamada de uma “escolha de diversidade” por alguns nomes do partido adversário.

Trump tem um histórico de comentários criticados como racistas. Durante o governo Barack Obama, por exemplo, ele encabeçou uma campanha de pressão para que o então presidente apresentasse sua certidão de nascimento, alimentando teorias da conspiração de que o democrata, o primeiro negro a chegar à Casa Branca, não seria americano.

FERNANDA PERRIN / Folhapress

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