Às margens do rio Pinheiros, em São Paulo, um painel inusitado chama a atenção de quem passa: o lixômetro. Instalado junto a uma escultura de capivara e um peixe gigante, o dispositivo contabiliza, de forma pública e contínua, o volume de lixo retirado do rio — uma maneira direta de conscientizar sobre os impactos do descarte incorreto.
Só no primeiro trimestre de 2025, mais de 10 mil toneladas de lixo foram removidas do Pinheiros. Desde o início de 2023, esse número ultrapassa 87 mil toneladas.
“Queremos que as pessoas enxerguem o quanto de resíduos chega aqui e o quanto de investimento é feito para manter o rio limpo”, explica Nelson Lima, diretor da SP Águas.
Muito além da limpeza: um chamado à consciência
O trabalho de retirada de lixo do rio é diário. Com a ajuda de barcaças, retroescavadeiras aquáticas e barreiras ecológicas, materiais como plásticos, pneus e até sofás são recolhidos e encaminhados para aterros. A coleta envolve estrutura e gastos consideráveis — recursos que poderiam ser destinados a outras melhorias urbanas, não fosse a poluição.
“Quando você tem a informação na sua frente, é mais fácil refletir. O objetivo é que a consciência seja permanente, não só em dias de chuva”, reforça Nelson.
Preservar é tarefa de todos
O lixômetro mostra números impressionantes, mas também oferece uma oportunidade de mudança. Reduzir a quantidade de lixo nos rios depende da união de ações públicas e da responsabilidade individual, como o descarte correto de resíduos e o cuidado com o lixo urbano.
Apesar dos avanços, como os projetos de universalização do esgoto, o trabalho de retirada de lixo e sedimentos no Pinheiros é contínuo. “A cidade continua viva, e o serviço precisa ser permanente”, conclui o diretor.
