Em continuidade às investigações sobre irregularidades na implantação do Sistema Inteligente de Transporte (ITS) em Ribeirão Preto, a CPI dos Semáforos realiza nesta quarta-feira (08), a partir das 16 horas, uma oitiva com o secretário municipal de Obras Públicas, Walter Telli.
A comissão apura atrasos na execução do projeto, mudanças contratuais e a aplicação de mais de R$ 15 milhões em recursos públicos. A investigação tem prazo inicial de 90 dias e poderá ser prorrogada por igual período, se necessário for.
A CPI é formada pelo presidente Isaac Antunes (PL), o vice-presidente Jean Corauci (PSD) e o vereador relator, Daniel Gobbi (Progressistas).
A audiência acontece no Plenário da Câmara Municipal e será transmitida ao vivo pelo YouTube da TV Câmara.
Santo Galli
Na última quarta-feira (01), Marcelo Galli, superintendente da RP Mobi, foi recebido na CPI para esclarecimentos. Questionado sobre os motivos do atraso, Galli afirmou que não participou da gestão municipal na época da licitação e atribuiu os problemas a falhas de projeto.
“O projeto fala uma coisa, mas o estrutural talvez não tenha sido dimensionado corretamente, o que acabou gerando falta de materiais e, consequentemente, atrasos na execução. Acredito que, por erro da empresa ou da Secretaria de Obras, esses problemas tenham ocorrido”, declarou.

O superintendente também destacou que as obras do ITS e dos corredores de ônibus deveriam ter avançado de forma integrada, mas não caminharam juntas, o que comprometeu o andamento do cronograma.
Outro ponto crítico é a situação da fibra óptica, que segue desligada. Segundo Galli, há um problema grave de interrupção na avenida Cavalheiro Paschoal Innecchi, que impede a chegada dos cabos ao trecho final na avenida Thomaz Alberto Whately.
A empresa JZ Construtora, responsável pelos dutos de fibra ótica, não estaria sendo localizada pela Prefeitura para refazer o serviço e, de acordo com o superintendente, estaria em processo de falência.
A mesma JZ recebeu aproximadamente R$ 27 milhões entre 2021 e 2022 em contratos referentes às obras dos corredores de ônibus. Agora, além de não concluir o serviço de dutos no ITS, a empresa é apontada como desaparecida pela Prefeitura.
Galli afirmou ainda não saber se o consórcio foi formalmente notificado pelos atrasos e reforçou a gravidade dos problemas estruturais do projeto.
Quando comunicada a convocação de Galli à CPI, a RP Mobi foi questionada pelo jornalismo do TH+ Portal sobre a presença do superintendente na Comissão e também a respeito do contrato investigado.
Na nota retorno, a empresa de trânsito alegou que “a contratação do Sistema Inteligente de Transporte (ITS) foi de responsabilidade exclusiva do Poder Executivo Municipal, à época da gestão anterior, cabendo à RP Mobi apenas a operação técnica do sistema”.
Também indagado pelo jornalismo do TH+ Portal, Duarte Nogueira (PSD), ex-prefeito de Ribeirão Preto, afirmou aguardar “com serenidade” o relatório final da CPI, além de destacar a falta de apontamento pelo Tribunal de Contas do Estado a respeito do contrato tratado. Leia a posição na íntegra:
“O objeto da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) é verificar eventuais atrasos no cumprimento contratual, bem como avaliar o atendimento aos objetos previstos nos aditamentos realizados. Ressaltamos que se trata de prerrogativa legítima do Poder Legislativo.
Aguardaremos com serenidade o relatório final da CPI e seus eventuais apontamentos, certos de que a transparência e o diálogo são fundamentais para o fortalecimento das instituições e para o interesse público. O contrato passou pelas contas do Tribunal de Contas do Estado sem nenhum apontamento”.




