O ministro Guilherme Boulos (PSOL) assumiu o comando da Secretaria-Geral da Presidência nesta quarta-feira (29), em cerimônia realizada em Brasília. Durante o evento, ele pediu um minuto de silêncio pelas vítimas da Operação Contenção, deflagrada nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. A ação policial deixou pelo menos 119 mortos.
“Todos nós estamos acompanhando o que aconteceu no Rio de Janeiro desde ontem e por isso, antes de falar desse momento, sobre o trabalho que pretendo fazer na Secretaria Geral. Queria pedir que todos nós fizéssemos um minuto de silêncio por todas as vítimas dessa operação do Rio de Janeiro. Policiais, moradores, todos eles”, pediu o ministro.
A operação tinha como objetivo conter a expansão da facção criminosa Comando Vermelho.
No evento desta quarta, Boulos fez ainda menção às origens do crime organizado, com crítica direta ao mercado financeiro.
“É um presidente que sabe que a cabeça do crime organizado desse pais não ta num barraco de uma favela. Muitas vezes ta na lavagem de dinheiro da Faria Lima. presidente lula me deu a missão como ministro da secretaria-geral de ajudar nessa reta final de seu terceiro mandato a colocar o governo na rua”, disse.
Integrantes do governo Lula (PT) discutiram a possibilidade de adiar a cerimônia da posse de Boulos, em razão da operação policial de ontem, considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro. A ideia de adiamento, entretanto, não foi levada adiante.
Aliados do presidente avaliaram que a solenidade poderia servir de espaço para Lula se manifestar sobre o episódio, em meio às críticas da oposição.
A operação gerou atritos entre o governo fluminense e a administração federal. O governador Cláudio Castro (PL) cobrou maior participação do governo e das Forças Armadas na segurança pública, enquanto auxiliares do Planalto afirmaram que não houve solicitação formal de apoio federal.
A posse de Boulos reuniu, no Palácio do Planalto, o presidente da República, ministros, representantes de movimentos sociais, parlamentares, sindicatos e organizações civis.
Estiveram presentes 17 ministros, entre eles Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente) e Simone Tebet (Planejamento), além do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos), além do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, não puderam comparecer pois estão no Rio de Janeiro, tratando de questões relacionadas à operação. A ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) havia planejado integrar a comitiva, mas permaneceu em Brasília para acompanhar a posse.
Boulos substitui o ex-ministro Márcio Macêdo, que deixou o cargo após críticas à sua condução da pasta. A escolha do deputado visa ampliar o diálogo do Executivo com movimentos sociais, fortalecer a mobilização popular, especialmente entre jovens, e intensificar a presença do governo nas redes e nas ruas. Militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Boulos participou de atos organizados pela esquerda ao longo do ano.
Segundo integrantes do governo, o presidente Lula orientou o novo ministro a percorrer o país em agendas com movimentos sociais. Boulos já informou ao PSOL que não concorrerá à reeleição para a Câmara dos Deputados no próximo ano, a fim de se dedicar à campanha de Lula. Em 2022, o parlamentar foi o mais votado em São Paulo, com mais de 1 milhão de votos.
A nomeação faz de Boulos o segundo integrante do PSOL a ocupar um ministério no governo Lula, ao lado de Sônia Guajajara (Povos Indígenas). Com essa mudança, o presidente soma 13 alterações em ministérios desde o início de seu terceiro mandato.



