A filiação de Sérgio Moro no Podemos e agora do General Santos Cruz, ambos retirados da linha de frente de Jair Bolsonaro, começou a incomodar muita gente. Basta dar um passeio pelas redes sociais e o quadro aparece nitidamente. De um lado, petistas inflamados agridem sem qualquer perdão a suposta candidatura de Moro. Por outro lado, bolsonaristas ecoam o mesmo canto dos petistas: para eles Moro é traidor e cobra criada. A chegada de Santos Cruz colocou mais lenha na fogueira. O General põe em cheque o militarismo apregoado por Bolsonaro. Não se bicam. Ciro Gomes, já ultrapassado por Moro nas primeiras pesquisas para a presidência em 2022, não poupa ataques. Somente Dória e os outros poucos postulantes se mantém quietos, quem sabe articulando uma futura composição. O marreco virou bode, e foi colocado na sala de estar da política brasileira. Quem mais perde são os bolsonaristas. Não acredito que lulistas votem em Moro, isso nunca. Nem mesmo num duelo a dois, num suposto cenário de segundo turno, onde figurariam Bolsonaro e Moro.
Líderes do Podemos garantem que outros nomes de peso farão parte do partido. Certamente serão bolsonaristas arrependidos ou mesmo membros do Partido Novo, inclusive o Governador de Minas Gerais, Romeu Zema. O Podemos vai se caracterizando como uma Madalena arrependida no tecido político brasileiro. Dará certo? A resposta é complexa. Nesse momento, seria não; entretanto o tempo pode modificar o eleitor. Bolsonaro e Lula vão promover uma guerra jamais vista e os saldo poderá ser assimilado por outras vias. De guerra, agora com o General Santos Cruz, o Podemos entende bastante. Façam suas apostas.
Casamento no civil, sem direito à festa
Eu não queria estar na pele de Jair Bolsonaro. Sem partido, ele busca uma alternativa para consolidar a campanha do próximo ano. Depois da briga com o PSL, verdade seja dita, Bolsonaro tentou encontrar um ninhozinho que o abrigasse. Só que não. Visitou o Patriotas, chamou o PP de meu amor, chegou a pensar num partido só seu ( que não deu certo), paquerou com o PTB, mas acabou com o PL de Waldemar da Costa Neto. Outro dia, ouvi uma definição lapidar sobre esse enlace (perdoe, mas não me lembro a autoria): Jair Bolsonaro filiando-se ao PL está se casando com uma garota de programas. Perfeito. O PL não tem ordenação ideológica (quem tem?), Já apoiou Fernando Henrique, já fez parte dos governos petistas e assim por diante. A bancada é grande, tem força política, só não tem fidelidade. Bolsonaro sabe disso. Se o vento estiver a favor e os dividendos forem compensadores, o partido fechará qualquer questão. No entanto, se mudar a temperatura, aparecer um tufuãozinho de leve, a coisa toda muda. Isso sem contar a ficha suja de Waldemar, que põe em risco a austeridade incorrupta, mote da campanha bolsonarista. O que falar lá em casa? Como sair dos mísseis teleguiados que as oposições farão contra ele? O problema é que não há alternativa. O casamento é iminente, mas como boa raposa, Bolsonaro não fará festa. O preço do sucesso é a vigilância.