Artigo – Vamos deixar que os cachorros votem

Eduardo Filetti
Eduardo Filetti
Eduardo Ribeiro Filetti é médico veterinário e professor universitário, pós graduado em Clínica Veterinária de pequenos animais, além de mestre em Saúde Pública, É membro da Academia de Letras de Santos e especialista em Saúde Pública.
Créditos: Divulgação

Como precursor da Defesa da Vida Animal em Santos, tenho que me pronunciar sobre a implantação da Lei que proíbe a venda de animais na Cidade.

Não vendo animais, mas acho um absurdo esta nova lei que proíbe venda e a criação em canis e gatis. Deveríamos proibir venda nas ruas, como ocorrido em Brasília, e que vai em concordância com projeto de lei que tramita no Senado. Mas não o comércio em locais apropriados.

A medida fará com que comércios migrem para cidades vizinhas, fazendo diminuir a arrecadação de Imposto Sobre Serviços local. Além disso, haverá a venda ilegal, muito mais difícil de se fiscalizar e onde sim os animais são desrespeitados.

É claro que os animais tem vida. Mas achar que doações é suficiente para manter sua população é ter visão pouco ampla. Animais doados na maioria são castrados. Logo teríamos a diminuição do número de bichos na Cidade, algo que fatalmente faria cair o volume de atendimento nos consultórios veterinários que atuam no Município, gerando mais desemprego.

Sem falar nas lojas de Aquarismo. Instituições que mantém aquários como o Santos FC e a Unisanta, teriam que contratar empresas de outras localidades para atendê-los, levando recursos santistas para outros municípios. Quem faz aquarismo sabe que de tempos e tempos é preciso renovar os peixes.

Temos raças de cães e de cavalos que são utilizados para auxiliar pessoas. São raças específicas e não podem ser mestiças, comprados em criadores. Se fomos acabar com todos, isso dificultaria vida de cegos e outros portadores de deficiência que tem nos animais um amigo e um aliado para tocar sua vida. Sem falar nas associações de Equoterapia.

Obviamente, sou contra quem maltrata os animais, que é crime. Quem faz isso merece ir pra cadeia. Deveríamos cobrar uma fiscalização mais efetiva nestes comércios, mas não promover sua proibição. Afinal, nem todos maltratam os bichos e os bons não devem pagar pelos maus. Temos políticos comprovadamente ladrões, então tem que acabar com a política por isso? É claro que não. Todo extremo é covarde e injusto.

Amo os animais e desafio qualquer um a duvidar disso ao longo dos meus mais de 30 anos de carreira como veterinário de renome nacional. Entendo que os animais são parte de nossos núcleos familiares, mas vejo muita gente se aproveitando do amor que temos pelos bichos de olho nos votos que ele gera, e aprovam qualquer lei sem se aprofundar no tema.

Sugiro aos vereadores  que pleitearam junto ao Poder Público este absurdo , que façam o mesmo na defesa do emprego de diversas pessoas que atuam no mercado do aquarismo, da criação de raças, e nos petshops e que crie um programa de readmissão para elas. Afinal, gente, assim como os animais, têm vida e ela também precisa ser observada pela legislação.

Para terminar, lembro parte do episódio final do seriado Game Of Thrones onde um personagem pede que todos escolham o novo rei e um nobre sugere aos risos que os cachorros sejam ouvidos. Logo aprovaremos isso por aqui. Neste momento, espero realmente que os cães, que já provaram ter inteligência superior ao homem, saibam escolher mais sabiamente seus representantes e lideranças, pois nossas escolhas, a história da humanidade, como neste caso, comprova que são equivocadas.

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