Infecções de ouvido nos pets – Por Eduardo Filetti

Eduardo Filetti
Eduardo Filetti
Eduardo Ribeiro Filetti é médico veterinário e professor universitário, pós graduado em Clínica Veterinária de pequenos animais, além de mestre em Saúde Pública, É membro da Academia de Letras de Santos e especialista em Saúde Pública.
Créditos: Reprodução

A orelha é um órgão especializado na condução do som até gerar a audição. É um órgão muito importante e dividida anatomicamente em três partes – a região interna, a média e interna, cada uma com sua importância e função.

A orelha externa estende-se do pavilhão auricular até a face externa da membrana timpânica. No nosso dia a dia, na clínica médico veterinária de pequenos animais, os problemas do ouvido são chamados de otopatias. São em média 15 por cento de todos os casos atendidos e se levarmos em consideração os casos dermatológicos as orelhas ocupam 20 por cento dos casos. Destes, a maior parte dos quadros, 70 a 80 por cento das queixas são de otites externas.

A orelha externa tem todos o seu revestimento formado por pele. Sob o ponto de vista histológico , a primeira camada e mais exposta é a epiderme e mais de 90 por cento de suas células são os queratinócitos. Logo abaixo vem a derme que apresenta numerosas glândulas apócrinas especializadas e sebáceas.

Devemos lembrar que como o revestimento é epitelial, qualquer problema dermatológico pode afetar a orelha, assim, sendo muito importante o diagnóstico correto.

Os problemas de ouvidos podem trazer várias manifestações clínicas como coceira, edema, odor forte e excesso de cera.

Não existe idade especifica para o surgimento das manifestações clínicas. Em filhotes, a coceira associada a otite ceruminosa é observado nos quadros de ácaros de ouvido (sarna de ouvido), frequente nessa faixa etária, porém, a maioria das infecções de ouvido manifestam-se nos animais adultos, com inicio nos adultos jovens e podem perdurar por longos períodos.

A infecções de ouvido chamadas de otite são classificadas em ceruminosa, eczematosa, purulenta e hiperplásica estenosante. O diagnostico correto é fundamental para a conduta adequada e se torna elemento básico para o controle, a fim de evitar recidivas. A causa primária deve ser investigada em todos pacientes com otite externa recidivante. A doença primária gera inflamação ou alteração na migração epitelial e, por sua vez, favorecem o sobrecrescimento de microrganismos que como conseqüência desencadeia infecção.

As causas primárias das otites externas são – doenças alérgicas ,endocrinopatias (hipotireoidismo ), seborréia primária, doenças autoimunes, sarnas de ouvido e neoplasias.

As bactérias mais comuns nestes casos são Staphylococcus ssp, Streptococcus spp,Enterococcus spp, Corinebacterium spp, Pseudomonas aeruginosa , Proteus mirabilis, Escherichia coli, Malassezia spp etc.

Raças que tem orelha baixa tem maior predisposição a ter este tipo de infecção. Cães nadadores também entram nesta relação. Algumas raças como Shar Pei, Labrador, Pastor Alemão tem facilidade para adquirir otites.

O começar o tratamento muito importante o diagnostico correto e limpeza do local. A lavagem pode ser feita com anestesia dependendo do caso.

A tentativa da lavagem caseira com medicações pode não ter sucesso esperado e o bom controle e remoção desta espessa camada purulenta, que se instala no conduto de pacientes com otite crônica, não serem alcançados.

Lavagem na clinica com solução fisiológica morna com alguns produtos podem dar excelente resultado. Após a limpeza e uso de otoscópio com cones veterinários para inspeção dos condutos atá a membrana timpânica. Apenas após a remoção de todo o conteúdo purulento é possível examinar os condutos e diagnosticar alterações como úlceras, nódulos, pólipos ou qualquer alteração que justifique a dificuldade na migração epitelial e atue como fator perpetuante da otite, por trazer inflamação, edema e infecções de repetição.

Temos que tomar muito cuidado em banhos colocando sempre algodão no ouvido do pets. Evitar que eles fiquem com a cabeça fora do carro durante movimento. Tratamento de doenças dos ouvidos pode variar de 15 até 60 dias Existem otites irreversíveis onde o tratamento é cirúrgico.

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