Larva Migrans (Bicho Geográfico) – Por Eduardo Filetti

Eduardo Filetti
Eduardo Filetti
Eduardo Ribeiro Filetti é médico veterinário e professor universitário, pós graduado em Clínica Veterinária de pequenos animais, além de mestre em Saúde Pública, É membro da Academia de Letras de Santos e especialista em Saúde Pública.
Créditos: Reprodução

A larva migrans cutânea, conhecida popularmente como bicho geográfico, é uma infecção cutânea causada pelas larvas de parasitas que vivem nos intestinos de cães e gatos, como os helmintos Ancylostoma caninum e Ancylostoma braziliense.

É uma doença cosmopolita, ou seja, existe no mundo todo. A transmissão se dá pelas fezes de cães contaminados. O ciclo de vida dos parasitas que causam a larva migrans cutânea começa quando os animais infectados por helmintos eliminam os ovos de parasitas nas fezes.

As fezes contaminadas quando em contato com um solo quente, úmido e arenoso se tornam um meio de
cultura perfeito para a evolução dos ovos, que eclodem, liberando as larvas. No solo, as larvas recém –nascidas se alimentam de bactérias a ao longo de 5 a 10 dias, passam por fases evolutivas até se tornarem aptas a infectar humanos ou outros animais. Larvas na 3 fase evolutiva, que é a fase
infecciosa podem sobreviver no ambiente por até quatro semanas, se encontrarem condições favoráveis.

A contaminação do homem se dá quando há um contato de pele com o solo contaminado por larvas, habitualmente, quando andamos descalços sobre terreno arenoso. Praias, principalmente aquelas onde há fezes de cães e gatos na areia, são locais propícios para conterem larvas de helmintos.

As regiões da areia onde há sombra, mais não há contato com água do mar, são os melhores pontos para desenvolvimento de larvas. Por isto sempre comento em programas de rádio e TV que participo semanalmente, que os projetos de animais na praia tem o poder da modernidade porém são muito perigosos pois alguns tutores não recolhem os matérias fecais dos pets e ou não respeitam as áreas demarcadas. Gatos costumam procurar locais com terra ou areia para enterrar suas fezes , podendo facilmente contaminar estas áreas.

A maioria dos casos de contaminação com larvas de parasitas que promovem a larva migrans ocorrem nos membros inferiores, principalmente nos pés. No tronco ou nos membros superiores podem ocorrer em menor frequência. As crianças são alvo fácil destes parasitas pois gostam de brincar em parques ,
caixas de areia e praia.

As larvas da terceira faze evolutiva conseguem penetrar na camada mais superficial da pele dos seres humanos, não conseguindo atravessar outras camadas mais profundas. Sem conseguir se aprofundas os parasitas vão se movimentando por baixo da pele, formando um pequeno túnel que dá origem a
desenhos na pele, parecendo um mapa, daí o nome popular de bicho geográfico.

Os sintomas podem inicialmente passarem despercebidos. No começo pequenos pontos avermelhados na pela. Avançando de 3 a 5 cm na pele pode dia e causando muita coceira.

Os parasitas forma túneis na pele e sem tratamento podem durar até duas semanas até a cura espontânea. Entretanto quando desaparece sem tratamento pode voltar depois de algumas semanas. O sintoma que mais incomoda é a coceira. Na medida que o parasita vai andando forma túneis na pele e pode facilitar a infecção secundária.

Como prevenção temos varias medidas entre elas a educação da população, diminuição de animais errantes através de políticas publicas de recolhimento, tratamento e adoção, exames parasitológicos de fezes e administração de antihelmintos para cães e gatos, posse responsável, restrição da circulação de cães e gatos em áreas publicas como praças, tanques de areia e praias, retirada de dejetos das ruas, conscientização dos profissionais da área de saúde sobre a importância do diagnostico definitivo.

A larva migrans visceral

A Larva Migrans Visceral (LMV) também conhecida com Toxocaríase, é provocada pela migração de larvas de nematóides, principalmente Toxocara cati e Toxocara canis no organismo humano. Os helmintos adultos vivem no trato intestinal de cães e gatos e seus ovos saem para o meio ambiente junto
com as fezes dos animais parasitados.

A doença ocorre pela ingestão acidental de ovos larvados dos vermes juntamente com areia ou terra contaminada ,vegetais crus ou pequenas guloseimas que entram em contato com solo e posteriormente são ingeridas. Por isso, o cuidado deverá ser maior com crianças pequenas e bebes de colo.

Os sintomas podem nem existir sintomas da doença ou apresentar casos graves. A migração de larvas pode provocar os mais variados problemas, dependendo da sua localização, pulmão –pneumonia, fígado – hepatomegalia (aumento do órgão), coração – miocardite, cérebro –crises convulsivas e distúrbios de
comportamento, olhos conjuntivite podendo chegar a cegueira.

A infecção é mais freqüente em crianças e geralmente inicia com febre, anemia, perda de apetite, tosse, dores abdominais, irritabilidade e urticária. Quando atinge o olho é comum aparecer edema periorbitral, dor ocular e estrabismo.

A prevenção é impedir que cães e gatos defequem em praças públicas, parques e praias. Sempre recolher as fezes dos animais e dar destino sanitário adequado. Lavar as mãos antes de refeições. Levar o animal ao médico veterinário frequentemente para receber tratamento anti-helmíntico, evitando o contato com areia ou terra contaminada com fezes.

Ao receber um cliente com estes sintomas temos que enviar ao médico para que seja tratado imediatamente. O médico veterinário deve receitar o tratamento adequado para a verminose
animal.

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