A campanha Maio Vermelho acende um alerta importante sobre a saúde bucal, destacando como as dores aparentemente comuns, como a de cabeça ou no maxilar, podem, na verdade, ser sintomas da Disfunção Temporomandibular (DTM). Este problema complexo, que segundo especialistas afeta uma parte significativa da população mundial, muitas vezes leva pacientes a uma peregrinação por diferentes médicos antes do diagnóstico correto, impactando significativamente na qualidade de vida.
Isabel Soares de 49 anos tinha dores de cabeça muito fortes, dores de ouvido e procurou um otorrino. Após avaliação, ele recomendou que ela procurasse por um bom dentista. “Quando cheguei na dentista, de forma extremamente precisa, ela já identificou que eu tinha problema de DTM e isso foi um divisor de águas na minha vida. Além da placa e do tratamento realizado com ela, comecei a tratar o relaxamento da minha musculatura e soltar as minhas tensões. A partir desse tratamento, eu nunca mais tive a enxaqueca tensional que muitas vezes me paralisava durante o dia. Eu chegava a vomitar e me trancar em um quarto escuro porque era uma dor insuportável. A assertividade da profissional foi fundamental e sou muito grata porque ganhei qualidade de vida. Parei de tomar aquele monte de remédios achando que era enxaqueca, sendo que era tensão gerada pela DTM”, afirma a paciente.
“Cerca de 20 a 30% da população mundial sofre dessa disfunção, problema que é duas vezes mais comum em mulheres do que em homens e os principais sintomas são dor ao mastigar, estalos na ATM, dificuldade ao abrir a boca e zumbido no ouvido. O mais comum são as fortes e constantes dores de cabeça”, alerta a odontologista Adriana Figueiredo, mestre em DTM.
Além de ser difícil de identificar, no Brasil há uma escassez de profissionais capacitados para diagnosticar a doença. Dos 240 mil dentistas atualmente no Brasil, apenas mil têm especialidade e capacitação para diagnosticar a doença, segundo o Conselho Federal de Odontologia (CFO).
“O profissional mais indicado para tratar o problema é o especialista em disfunções temporomandibulares e dor orofacial, ou cirurgião bucomaxilofacial, que geralmente trata os casos cirúrgicos. O diagnóstico geralmente é feito por meio de avaliação clínica, mas também pode incluir exames de imagem para verificar a musculatura e a articulação”, explica Figueiredo.
Causas
Existem alguns fatores que podem desencadear a disfunção da articulação temporomandibular, como:
• Apertamento constante dos dentes durante o dia;
• Estresse;
• Bruxismo;
• Pancadas ou outros traumas na região;
• Hábitos como mascar chicletes e roer as unhas;
• Predisposição genética.
O estresse é apontado como um dos principais causadores do problema justamente porque leva a pessoa a apertar os dentes, fazendo com que a mandíbula fique contraída. Geralmente, a pessoa faz o movimento de forma involuntária.
Tratamento
O tratamento do problema varia de acordo com a causa. “Ele pode ser multifatorial e depende do tipo de DTM diagnosticada, mas inicia-se sempre pelo tratamento menos invasivo; temos como exemplo: fisioterapia, aparelho interoclusal, terapia psicológica”, afirma a dentista. Em situações mais específicas, e menos comuns, podem ser indicados procedimentos cirúrgicos.
Qualidade de vida
O tratamento adequado pode dar mais qualidade de vida ao paciente. Há pessoas que tomam de 10 a 12 analgésicos por dia durante 30 anos da vida, então, quando os especialistas prescrevem um tratamento, mais de 90% desses pacientes passam a não precisar de analgésicos.



