As mulheres ainda veem o ambiente de trabalho como um espaço discriminatório e com outros problemas, como assédio. Neste sentido, nove a cada dez profissionais já foram assediadas, sexualmente ou moralmente, ao longo da carreira. Tais fatos são relatados pela pesquisa Equidade de Gênero e Trabalho no Brasil em 2024, da Essi Consultoria.
O levantamento foi divulgado no último dia 13, em alusão ao mês da mulher. No total, foram ouvidas 1.419 respondentes entre os dias 1º de maio e 14 de junho do ano passado.
De acordo com os dados obtidos, 91% das entrevistadas afirmaram já ter sofrido algum tipo de assédio no ambiente de trabalho. Além disso, 59% acreditam que seriam prejudicadas caso denunciassem uma situação de assédio. O estudo também identificou que 54% relataram ter sido vítimas de discriminação no ambiente profissional.
Para Gisele Müller
Fundadora Éssi Consultoria, “os dados apontam que o assédio e a discriminação ainda são realidades persistentes no mercado de trabalho. A percepção de que a denúncia pode trazer prejuízos à carreira reforça a necessidade de políticas eficazes para garantir um ambiente mais seguro e igualitário para as mulheres”.
Nesse sentido, iniciativas para mitigar microagressões, manifestações sutis que reforçam desigualdades e dificultam a ascensão profissional também se fazem necessárias. Afinal, 48,4% das entrevistadas asseveraram que são alvos de piadas machistas. Já 31% disseram que, nas empresas em que trabalham, atribuições de tarefas administrativas são feitas com base em estereótipos de gênero. Por fim, metade das respondentes declarou que ser mulher compromete a avaliação do desempenho profissional.
Não é só isso. O levantamento revelou que quatro a cada dez mulheres precisam interromper colegas para serem ouvidas em reuniões e só têm suas ideias aceitas quando repetidas por outra pessoa. Já cinco a cada dez mulheres relataram frequentemente duvidar de si mesmas após exporem um fato ou ideia. Além disso, sempre ou frequentemente, afirmaram que lhes explicam coisas óbvias como se fossem incapazes de entender sozinhas.
“Esse cenário reforça desigualdades estruturais e afeta diretamente a confiança e a trajetória profissional. Criar ambientes corporativos mais inclusivos requer ações concretas para minimizar esses impactos”, frisou.
Equidade
Quando questionadas sobre equidade no ambiente de trabalho, 47% das entrevistadas falaram que há igualdade em termos de remuneração, promoções e oportunidades de carreira. No entanto, outras 42% discordaram, citando que quase metade das colaboradoras ainda percebe disparidades de gênero.
Ademais, 43% das mulheres concordaram que suas empresas possuem programas ou benefícios voltados para a equidade de gênero. Em contrapartida, 42% ainda não percebem ações que revisem práticas e políticas que possam representar obstáculos às suas carreiras.
“Esse número reflete uma realidade preocupante: a autocobrança excessiva e a falta de confiança são barreiras significativas que impedem muitas profissionais de avançarem em suas trajetórias. Essa tendência pode estar relacionada a estereótipos de gênero e a um ambiente que, muitas vezes, não encoraja as mulheres a assumirem riscos ou a se verem como merecedoras de posições de destaque”, salientou Gisele Müller .
Os demais dados e todas as conclusões do estudo podem ser acessados por meio do site da Essi Consultoria.