Pesquisa da Antaq mostra crescimento pouco expressivo da participação feminina no setor portuário

Foto: Reprodução/Freepik

A participação feminina no setor portuário teve um crescimento gradual, mas pouco expressivo nos últimos anos. É o que apurou a 2º Pesquisa sobre Equidade de Gênero no Setor Aquaviário, realizada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) em parceria com a Wista Brazil. Segundo o levantamento, as mulheres representam 17,8% da força de trabalho nos portos brasileiros, um crescimento de 0,5 ponto percentual em relação à última edição da pesquisa, publicada em 2022.

A presença de mulheres em cargos de liderança também segue pequena. De acordo com o levantamento, 15% atuam na direção e 25% em cargos de gerência. No setor administrativo, expressivos 40%. Já em Conselhos de Administração, 17%, e 8,4% em Conselhos de Autoridade Portuária. Outro número que chama a atenção é a participação nos postos operacionais, com apenas 10%, o que mostra que ainda há preconceito com relação ao trabalho feminino em áreas mais técnicas.

Atuando na área do Direito Marítimo há quase 30 anos, Cristina Wadner, do escritório Cristina Wadner Advogadas Associadas, conta que apesar da evolução na presença de mulheres no mercado portuário ao longo deste período, a pesquisa da Antaq ainda é um reflexo da realidade:

“A presença masculina, na época, era maior, mas segue predominante. Dificilmente converso com outras mulheres em posições de liderança, seja em órgãos públicos ou empresas, ainda hoje – existimos, mas ainda somos minoria. Assim como em outros setores da sociedade, precisamos, por exemplo, desmistificar a imagem do trabalhador portuário, seja em cargo de liderança ou operacional, como estritamente uma figura masculina. Para isso, precisamos de um investimento em capacitação e fiscalização para a garantia de políticas de equidade. Precisamos da presença feminina como regra em todos os espaços, não como exceção”, diz Wadner.

Por isso, um meio que Cristina encontrou de contribuir para garantir mais oportunidades a mulheres no setor portuário, foi fundar um escritório composto apenas por mulheres. “Esta é uma maneira de devolver as oportunidades que me foram dadas. Fico muito satisfeita em poder ensinar outras mulheres, e vê-las percorrendo o mesmo caminho que eu. Fico também satisfeita que os obstáculos estejam diminuindo e estejamos ocupando mais espaços, mas ainda temos um longo caminho pela frente quando se trata de equidade no setor aquaviário”, afirma a advogada.

Hoje, como diretora regional da Women’s International Shipping and Trading Association – WISTA Brazil, uma associação de mulheres que trabalham em Shipping, Cristina tem como projeto acessar as jovens adultas entre 17 e 24 anos, que representam 40% desta pirâmide, com informações e oportunidades de criarem a sua própria identidade, para que, assim, alcancem cargos de liderança.

A pesquisa da Antaq ainda levantou informações sobre a participação por tipos de empresas por setor. As Empresas Brasileiras de Navegação (EBNs) de cabotagem de contêineres possuem a maior presença feminina em cargos de direção, 31,2%. Têm, ainda, o segundo maior agregado de todos os cargos, com 26,1%.

Nos processos de recrutamento de empresas, houve uma queda expressiva na adoção de ao menos uma política de equidade de gênero – em 2024, eram 52,5%, enquanto em 2022 foram registrados 90,8%.

Enquanto em 2022 68,6% das empresas afirmaram assegurar igualdade salarial, em 2024, este número caiu para 37,3%. Quanto à adoção de políticas de orientação sobre igualdade de gênero, em 2022, 35,6% responderam que faziam a adesão; este número caiu para 35,6% em 2024.

Com relação às políticas de combate ao assédio, promoção da diversidade e programas de inclusão social, 76,9% das companhias afirmaram que adotam políticas de combate ao assédio, enquanto 54,1% disseram aplicar medidas específicas para aumentar a diversidade.

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