O projeto piloto “Promoção da Saúde no Combate à Evasão Escolar”, trabalho da Prefeitura de Itanhaém, por meio da Secretaria de Educação, Cultura e Esportes, realizou uma pesquisa para entender uma das causas de evasão escolar na cidade: a saúde menstrual.
De acordo com a administração municipal, a Secretaria realizou uma pesquisa em 18 escolas da Rede Municipal de Ensino, onde constatou que a maioria dos alunos que deixavam de frequentar a sala de aula eram meninas que cursavam do 5° ao 9° ano.
Foram ouvidas na pesquisa 3.560 meninas e constatado alguns dados importantes: 2.532 meninas menstruam (o que representa, 71,12%), 1.570 delas faltam com frequência no período menstrual (62%), 1.370 faltam às vezes (54,10 %) e 200 meninas faltam sempre no período menstrual (5,6%).
Outro número expressivo mostra que 1.150 meninas sentem fortes dores, 284 teme por situações constrangedoras e 136 sofrem com a ausência de absorvente.
“Para mitigar o impacto das dores menstruais na frequência escolar, é essencial desenvolver e implementar políticas públicas e programas de apoio que garantam atendimento médico adequado e suporte contínuo para as adolescentes. Estas medidas são fundamentais para assegurar que todas as alunas tenham condições de frequentar a escola regularmente, independentemente dos desafios relacionados à saúde menstrual”, destacou a secretária de Educação, Cultura e Esportes, Maria Cecília Cardoso Tecedor.
Foram escolhidas 500 meninas das escolas municipais onde tiveram maior evasão escolar e de programas sociais como Programa Inclusão Produtiva Jovem, Programa Bem-estar Adolescente e Casa de acolhimento SAICA/CASALAR e Sistema de Garantia de Direitos às Crianças e Adolescentes (SGDCA).
Até o momento foram atendidas 300 adolescentes que fizeram os exames de imagem: ultrassonografia pélvica, abdominal e transvaginal. As adolescentes que apresentaram alteração nos resultados, já passaram em consultas nas Unidades de Saúde da Família de sua referência. Já na 2ª fase do projeto piloto serão feitos exames laboratoriais: hemograma completo, triglicérides, ferro, ferritina, coagulograma, colesterol total, colesterol HDL, colesterol LDL, colesterol VLDL, hemoglobina glicada (HbA1c), glicose, insulina para cada adolescente complementando a promoção da saúde. A iniciativa é financiada por meio de emenda parlamentar da Deputada Estadual Marina Helou.
A aluna Vitória Alves da Silva, 14 anos, que cursa o 9º ano, na EM Célia Marina, comenta sobre a oportunidade: “A iniciativa é muito importante porque ajuda a prevenir e diagnosticar doenças relacionadas a isso, já que muitas alunas não teriam condições financeiras para fazer esse tipo de exame”.
Com o Certificado do Governo do Estado de São Paulo (Fundo Estadual da Infância e Adolescência), o projeto passou a ser um Projeto Incentivado, com isso pode captar recursos de empresas particulares, passando assim a realizar uma segunda etapa atendendo alunas de outras regiões da cidade.
”Assim que foi detectado que o problema da evasão escolar estava relacionado com a saúde, tentamos contribuir de alguma forma. Prevenir sempre é o melhor caminho, a ideia e o desejo é expandir para maiores números de meninas a iniciativa da realização dos exames”, explica o secretário municipal da Saúde, Marcelo Gonçalves Jesus.
Uma das idealizadoras do projeto foi a secretária-adjunto de Governo, Marcia Galdino, que destaca a importância destas medidas para combater a evasão escolar: “Com base nos resultados positivos do projeto piloto, nossa expectativa é implementar ações concretas e abrangentes. Estamos convencidos de que a criação de um ambiente escolar mais acolhedor e saudável, juntamente com iniciativas de promoção da saúde e prevenção de doenças, terá um impacto significativo na diminuição da evasão”.
Ao final, a pesquisa será publicada em revista científica e a gestora do projeto Viviane de Paula irá captar recursos para que a prática se consolide no ano de 2025 para que em 2026 torne-se uma prática pertencente à política pública municipal de promoção da saúde das adolescentes.