Usa muito cartão de crédito? Cuidado para não se afundar em dívidas

Comprar por meio de cartões é a maneira mais prática do que andar com dinheiro em espécie. Mas ao mesmo tempo que é fácil, ao mesmo tempo é uma cilada, que se não controlada, pode provocar uma série de dívidas e um buraco sem fundo.

De acordo com uma pesquisa do Serasa Experian publicada este ano, mais da metade dos brasileiros (52%) possui três ou mais cartões de crédito. Para 35% deles, o principal motivo é a possibilidade de somar limites.

“Esse tipo de atitude pode acarretar riscos financeiros significativos, como a possibilidade de altas taxas de juros devido a atrasos e falta de pagamento de faturas, bem como a complexidade de gerenciar vários cartões simultaneamente”, aponta a analista de produtos e serviços do Sicoob UniMais Metropolitana, Sueli Rodrigues Sousa.

No entanto, é preciso ser justo: a maior parte dos 3.097 entrevistados se auto definiu como um “Consumidor Consciente”, que utiliza os cartões para organizar as contas do dia a dia. A pesquisa apontou ainda que 37% do uso dos cartões é utilizado para gastos essenciais como supermercado e combustível.

Portanto, para reduzir os riscos, a analista ressalta a importância do cuidado redobrado ao utilizar dois ou mais cartões.

“Isso implica em pagar integralmente e pontualmente as faturas, evitando acumular dívidas de cartão de crédito e fazendo uso consciente do crédito. Também é crucial acompanhar cuidadosamente todas as datas de vencimento, limites de crédito e taxas associadas a cada um deles”, diz.

Quando o assunto é limite de cartão de crédito, Sueli ressalta que ele não deve exceder a capacidade de pagamento com base na renda mensal. O recomendado é que o limite não seja mais do que 20 a 30% da renda mensal.

O THMais ouviu a jornalista Mariani Lourenço, que relatou a experiência que sofreu com o acúmulo de cartões. “Até 19 anos, eu tinha 15 cartões de créditos e abusava usando ele, como se fosse meu dinheiro e achava que não tinha limites. Acumulei muitas dívidas, não tinha controle e não conseguia pagar.

A reportagem também ouviu a economista Fernanda Coelho Peixoto, que explica os motivos para tantos gastos e descontrole com o uso do cartão. E ainda, dicas para não cair na armadilha. Confira:

1- Por que o brasileiro fica acumulado em dívidas, mas ainda assim insiste em cartões de crédito?

A situação em que muitos brasileiros se encontram com dívidas acumuladas e ainda utilizam cartões de crédito pode ser atribuída a diversos fatores econômicos, comportamentais e sociais. Aqui estão algumas razões que podem ajudar a explicar essa situação:

Facilidade de acesso ao crédito: Os cartões de crédito são amplamente disponíveis e de fácil acesso no Brasil. Isso significa que as pessoas podem obtê-los com relativa facilidade, mesmo que já tenham dívidas acumuladas em outros lugares.

Falta de educação financeira: Muitos brasileiros não receberam educação financeira adequada, o que os torna menos capazes de gerenciar suas finanças de forma eficaz. Isso pode levar a decisões financeiras impulsivas e ao uso inadequado do crédito.

Publicidade e marketing: As instituições financeiras e empresas de cartão de crédito muitas vezes investem pesadamente em publicidade e marketing para incentivar o uso de cartões de crédito. As promoções e ofertas especiais podem ser tentadoras, levando as pessoas a usarem seus cartões sem pensar nas consequências a longo prazo.

Cultura de consumo: Em muitas sociedades, incluindo a brasileira, há uma cultura de consumo que valoriza a posse de bens materiais e o status social associado a isso. Isso pode levar as pessoas a gastarem mais do que podem pagar para manter um padrão de vida aparentemente mais alto.

Emergências financeiras: Às vezes, as pessoas usam cartões de crédito para cobrir despesas imprevistas ou emergências, como problemas de saúde, consertos em casa ou desemprego. Essa é uma maneira rápida de obter dinheiro, mas pode levar a dívidas se não for devidamente gerenciada.

Falta de alternativas financeiras: Para algumas pessoas, o crédito é a única opção disponível para atender às suas necessidades financeiras imediatas, devido à falta de acesso a outras formas de assistência financeira.

Má gestão financeira: Uma má gestão financeira, como não fazer um orçamento, não controlar os gastos ou não pagar as contas em dia, pode levar ao acúmulo de dívidas mesmo quando as pessoas têm cartões de crédito.

É importante destacar que o uso de cartões de crédito em si não é necessariamente ruim. Eles podem ser ferramentas úteis quando usados com responsabilidade e planejamento financeiro adequado. No entanto, é essencial que as pessoas estejam cientes das taxas de juros, dos termos do contrato e do impacto de suas decisões financeiras a longo prazo para evitar o endividamento excessivo.

Além disso, a educação financeira desempenha um papel fundamental na prevenção do acúmulo de dívidas e na promoção de hábitos financeiros saudáveis.

2) Qual o número médio de brasileiros que conseguem sanar as dívidas?

O número médio de brasileiros que conseguem sanar suas dívidas pode variar ao longo do tempo e depende de muitos fatores, incluindo a situação econômica do país, as políticas governamentais, as condições de emprego e as circunstâncias individuais de cada devedor. Não tenho acesso a dados em tempo real, e maior parte das pesquisas indica a qtde de brasileiros inadimplentes e não quantos conseguiram sair desta situação. Vide link: https://www.serasa.com.br/limpa-nome-online/blog/mapa-da-inadimplencia-e-renogociacao-de-dividas-no-brasil/

A capacidade de resolver dívidas depende em grande parte da situação financeira e do comportamento do devedor. Alguns brasileiros podem ser capazes de sanar suas dívidas através de estratégias como renegociação com credores, reestruturação de dívidas, obtenção de empréstimos com taxas de juros mais baixas ou até mesmo buscando orientação financeira para criar um plano de pagamento eficaz.

No entanto, é importante notar que muitos brasileiros enfrentam dificuldades persistentes em relação às dívidas devido a uma série de desafios econômicos e financeiros, como o desemprego, a inflação e a falta de acesso a recursos financeiros para pagar dívidas acumuladas. A assistência financeira, programas de educação financeira e políticas públicas podem ser importantes para ajudar as pessoas a lidar com suas dívidas de forma eficaz e evitar o endividamento excessivo.

Para obter informações atualizadas sobre a situação das dívidas no Brasil e a capacidade das pessoas de saná-las, é recomendável consultar fontes confiáveis, como instituições financeiras, órgãos governamentais e pesquisas econômicas.

3 – Quais orientações e dicas podem ser repassadas para o público em evitar gastos e dívidas?

Evitar gastos excessivos e dívidas é fundamental para manter uma saúde financeira sólida. Aqui estão algumas orientações e dicas que podem ajudar o público a evitar dívidas e a gerenciar melhor suas finanças:
1 – Faça um orçamento: Criar um orçamento mensal que liste todas as suas despesas e receitas. Isso ajuda a entender para onde vai seu dinheiro e a identificar áreas em que é possível economizar.
2 – Priorize despesas essenciais: Dê prioridade às despesas essenciais, como moradia, alimentação, serviços públicos e cuidados de saúde. Certifique-se de que essas necessidades básicas sejam atendidas antes de gastar em itens supérfluos.
3 – Estabeleça metas financeiras: Definir metas financeiras de curto e longo prazo. Ter objetivos claros pode ajudar a manter o foco e a motivação para economizar.
4 – Evite compras impulsivas: Antes de fazer uma compra, pense se você realmente precisa do item ou se é apenas um desejo momentâneo. Evite compras impulsivas, dando-se algum tempo para refletir sobre a necessidade do produto.
5 – Use lista de compras: Ao fazer compras, faça uma lista de compras e siga-a rigorosamente. Isso ajuda a evitar comprar itens desnecessários.
6 – Compare preços: Pesquisar e comparar preços antes de fazer grandes compras. Às vezes, você pode encontrar o mesmo produto por um preço mais baixo em outro lugar.
7 – Pague à vista sempre que possível: Evitar o uso excessivo de cartões de crédito. Se puder pagar à vista, faça isso para evitar juros e dívidas acumuladas.
8 – Mantenha uma reserva de emergência: Ter uma reserva de emergência para cobrir despesas inesperadas, como reparos em casa ou despesas médicas. Isso ajuda a evitar o uso de crédito em situações de urgência.
9 – Reduza custos fixos: Avaliar seus custos fixos, como assinaturas de serviços, e veja se é possível economizar eliminando ou reduzindo esses gastos.
**10 – Acompanhe seus gastos: Registrar todas as suas despesas e reveja periodicamente seus extratos bancários e faturas de cartão de crédito para ter um controle constante de suas finanças.
**11 – Invista em educação financeira: Procurar aprender mais sobre finanças pessoais e investimentos. Quanto mais você souber, melhor poderá tomar decisões financeiras informadas.
***12 – Evite comparar-se com os outros: Evitar comparar seu estilo de vida e suas compras com os de outras pessoas. Cada pessoa tem circunstâncias financeiras diferentes.
Lembrando que o controle financeiro é uma habilidade que se desenvolve com o tempo, e pequenas mudanças de hábitos podem fazer uma grande diferença a longo prazo. Se você estiver enfrentando dificuldades financeiras significativas, considere buscar orientação de um profissional financeiro ou consultor para ajudá-lo a elaborar um plano de recuperação financeira.

4 – Quais são as dicas de segurança contra crimes financeiros?

Proteger-se contra crimes financeiros é fundamental para manter sua segurança financeira e pessoal. Aqui estão algumas dicas de segurança importantes para ajudar a evitar crimes financeiros:

Mantenha suas informações pessoais seguras: Nunca compartilhe informações pessoais, como números de CPF, RG, senhas ou números de conta bancária por telefone, e-mail ou mensagens de texto, a menos que você tenha certeza da autenticidade da pessoa ou instituição com quem está lidando.

Crie senhas fortes: Use senhas fortes e únicas para todas as suas contas financeiras e online. Evite senhas óbvias, como datas de nascimento, nomes de familiares ou sequências numéricas simples.

Ative autenticação de dois fatores (2FA): Sempre que possível, ative a autenticação de dois fatores nas suas contas online. Isso adiciona uma camada extra de segurança, exigindo um código ou confirmação adicional além da senha.

Cuidado com e-mails de phishing: Esteja atento a e-mails suspeitos que solicitam informações pessoais ou financeiras. Verifique o remetente do e-mail e evite clicar em links ou baixar anexos de fontes não confiáveis.

Verifique URLs de sites: Antes de inserir informações pessoais ou financeiras em um site, verifique se a URL começa com “https://” e se há um ícone de cadeado na barra de endereço. Isso indica uma conexão segura.

Monitore suas contas regularmente: Verifique seus extratos bancários e faturas de cartão de crédito regularmente em busca de atividades não autorizadas ou transações suspeitas. Relate qualquer problema imediatamente ao seu banco ou instituição financeira.

Tenha cuidado com caixas eletrônicos: Ao usar caixas eletrônicos, verifique se não há dispositivos de skimming (captura de dados de cartões) ou câmeras suspeitas ao redor. Cubra o teclado ao digitar sua senha.

Proteja seus dispositivos: Mantenha seus dispositivos, como computadores e smartphones, atualizados com as últimas correções de segurança e use um programa antivírus confiável. Use bloqueio de tela e senhas para proteger seus dispositivos.

Tenha cuidado com redes Wi-Fi públicas: Evite realizar transações financeiras em redes Wi-Fi públicas não seguras, pois elas podem ser vulneráveis a hackers. Use uma rede privada virtual (VPN) quando necessário.

Evite compartilhar informações financeiras em redes sociais: Não compartilhe informações pessoais ou financeiras sensíveis nas redes sociais, pois isso pode ser explorado por criminosos.

Destrua documentos financeiros antigos: Ao descartar documentos financeiros antigos, como faturas ou extratos bancários, certifique-se de destruí-los de forma segura, de preferência com um triturador de papel.

Esteja ciente de golpes comuns: Informe-se sobre os golpes financeiros comuns, como golpes de phishing, fraudes de investimento e esquemas de pirâmide, para evitar cair neles.

Eduque-se continuamente: Mantenha-se atualizado sobre as táticas e estratégias usadas por criminosos financeiros, pois as ameaças estão em constante evolução.

Lembre-se de que, mesmo com todas as precauções, ninguém está totalmente imune a crimes financeiros. No entanto, seguir essas dicas pode ajudar a reduzir significativamente o risco de se tornar vítima desses crimes e a proteger sua segurança financeira. Se você suspeitar de atividade criminosa ou se tornar vítima de um crime financeiro, entre em contato com as autoridades locais e seu banco ou instituição financeira imediatamente.

Diferenças de cartões

O eterno dilema: qual escolher na hora de pagar uma compra? De acordo com Sueli, isso vai depender de dois fatores: sua situação financeira e o valor da compra.

O débito é a melhor opção quando você deseja gastar apenas o dinheiro que já tem na conta. Portanto, dá para usar em compras do dia a dia, como mantimentos e itens de necessidade básica, pois evita gastos desnecessários e juros, além de ajudar a manter um controle rigoroso das despesas.

Por outro lado, o crédito pode ser a melhor opção na hora de parcelar uma compra de alto valor – desde que você tenha um plano sólido para pagá-la ao longo prazo sem comprometer o orçamento.

“Quem faz uso do crédito responsavelmente e consegue pagar as faturas em dia pode ainda aproveitar alguns benefícios, como pontos ou milhas, cashback e seguros. Além disso, alguns cartões de crédito oferecem proteção adicional ao consumidor, como garantias estendidas, seguro de compra ou proteção contra fraudes”, explica. Sueli adiciona ainda que usar o crédito em uma emergência pode ser uma boa opção se você não tiver fundos disponíveis na conta bancária.

No geral, a especialista recomenda evitar parcelar compras de baixo valor no cartão de crédito, pois as taxas de juros e encargos podem tornar o custo final muito mais alto que o valor original. Para compras menores, o débito ou o pagamento em dinheiro podem ser mais apropriados.

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