Em 2024, a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) registrou 750,7 mil atendimentos, dos quais 132.084 foram denúncias de violência contra a mulher. A violência psicológica representou a maioria dos casos, com 101.007 registros.
A psicóloga Renatha Yokomizo, que vivenciou abusos emocionais desde a infância, hoje utiliza sua experiência pessoal para acolher e orientar pacientes. “Fui criada por pais muito rígidos e que nunca me aceitaram como sou”, conta. “Desde muito nova, ouvia que era pra ser assim e não assado.”
Segundo ela, os comportamentos abusivos continuaram na vida adulta, quando passou a assumir responsabilidades que iam além de sua capacidade financeira. “Comecei a trabalhar e fiquei responsável por comprar produtos de higiene para minha mãe, minha irmã e para mim, além de pagar faculdade para mim e para minha irmã com um salário de início de carreira”, relembra. “Tudo isso era apresentado como uma forma de retribuir os cuidados que eles tiveram comigo. Mas os filhos não têm esse papel, essa obrigação na vida dos pais. não se trata disso”, explica.
A violência psicológica — reconhecida legalmente e prevista na Lei Maria da Penha — e o abuso emocional, termo mais comum na psicologia, compartilham padrões como controle, culpa, medo e manipulação, afetando profundamente o bem-estar das vítimas em diferentes tipos de relacionamento.
Renata diz que sua própria experiência fez com que ela escolhesse esse foco e também porque é um tema que atravessa muitos outros que também a interessa, como questões de gênero, questões sociais, relações familiares e envelhecimento. “Acho muito importante que as pessoas comecem, desde cedo, a entender o que é abuso emocional e como lidar com isso. A saber como a sociedade pode e deve tratar esse tema, com toda a atenção e respeito que ele merece”, conclui a profissional.



