O que esperamos da Ponte Preta em 2024: a colocação do povo no lugar em que merece

Elias Aredes
Elias Aredes
Elias Aredes Junior é jornalista formado desde 1994. Já trabalhou nos jornais Diário do Povo, Tododia e agora está no Correio Popular. Também atuou na TV Século 21, Rádio Central e atualmente está na Rádio Brasil. É responsável pelo portal Só dérbi (www.soderbi.com.br)
Foto: Marcos Ribolli/PontePress
Foto: Marcos Ribolli/PontePress

O calendário foi zerado. O ano é 2024. Mais 12 meses de esperança, expectativa e investimentos. Sim, o torcedor é um investidor. Investe paixão, amor, emoção, tensão e sua alma na equipe do coração. O pontepretano não é diferente. Ele quer e deseja algo melhor e diferente. Não aguenta mais campanhas em que o destino parece ser desempenhar o papel de coadjuvante ou apenas um trampolim para jogadores de talento. O pontepretano quer horizonte. Uma nova vida. Quer o futebol como complemento e nunca como tormento ou martírio.

Um pensamento automático remete a necessidade de times competitivos, robustos, talentosos, guerreiros e que honrem o manto da Macaca. É essencial, mas não é suficiente. Nunca na Ponte Preta. Um clube diferente dos outros pede uma receita fora do padrão. Desejar características que contemplem o perfil de um torcedor,que, em sua maioria, é sofrido, pobre e por vezes sem voz.

O torcedor típico da Ponte Preta acorda cedo, trabalha duro, contenta-se com um alimento simples e sem enfeite e precisa se submeter a maior parte do tempo a um esquema de hierarquia em que ele não tem voz e peso. O chefe é dono absoluto do seu destino. “Fique quieto e faça o seu serviço”. É nesse ambiente que muitos batalham pelo dia a dia. Um cotidiano opressivo, sem perspectiva.

A Ponte Preta é a saída. É a luz no fim do túnel. É o local em que ele, sentado em uma arquibancada, pode espalhar aos quatro cantos a sua devoção e a sua opinião. As grandes campanhas da Ponte Preta não foram feitas apenas de craques, técnicos estrategistas e dirigentes astutos. O quebra cabeça não seria completo se não existisse a disposição de colocar ali um mosaico de desejos e opiniões que expressassem os sonhos oriundos dos lances de arquibancada feitos de concretos. Em 2013, o vice-campeonato da Copa Sul-Americana não foi a realização de uma ambição do então presidente Márcio Della Volpe. Foi, antes de tudo, o atendimento da reivindicação de homens, mulheres, idosos, crianças e adolescentes que queriam ver a alvinegra na disputa de um título internacional. Pedido feito e atendido. Uma prova de que na Ponte Preta, a arquibancada tem coração, alma e opinião. Com nome e sobrenome.

Na atualidade, por que os processos não avançam na Ponte Preta? Por que os desejos não são realizados? Por que a luta contra o rebaixamento virou rotina? Simples: porque o torcedor comum tem os seus desejos podados. Enquanto equipes adversárias anunciam contratações, a diretoria não faz qualquer anúncio. Ah, mas é preciso regularizar tudo antes de anunciar. Perguntar não ofende: por que os outros clubes conseguem regularizar tudo em tempo hábil e a Ponte Preta não? A resposta é urgente.

Negociações e medidas adotadas não são conhecidas do torcedor. A justificativa é a de que os contratos são confidenciais e somente os integrantes do Conselho Deliberativo podem tomar conhecimento. Uma segunda pergunta sem intenção de ofender e sim com a meta de esclarecer: então para que serve o torcedor? Apenas para bater palma? Não tem direito de saber o que acontece em seu clube? Por que? Para se proteger de quem? De qual inimigo?

Qualquer pontepretano consciente, que pouco se importa com a briga política existente nos bastidores, quer um 2024 com gols, vitórias, conquistas, uma campanha avassaladora no Paulistão e o acesso na Série B do Campeonato Brasileiro. Mas ele também quer sentir que o clube fique em suas mãos. Que ele possa participar. E hoje, tal cenário está longe da realidade. Infelizmente.

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