Economia no Divã – a coluna semanal de Fabiano Corrêa – Edição 3

Os três passos de um Golpe Virtual

– Alô! Quem fala? Sra. Marília? Tudo bem? Aqui é o Fulano de Tal do Banco Beta. Estou ligando para confirmar uma Pix suspeito em sua conta corrente no valor cinco mil e duzentos reais. Foi a senhora mesmo que fez este Pix?

– O que?! Pelo amor de Deus! Não fui eu que fiz isto não. Cancela isto aí por favor, meu filho. Pelo amor de Deus, não fui eu.

– Nossa! Não foi a senhora?! Então estão fraudando a sua conta. Mas fique tranquila, eu sou da segurança do Banco e vou ajudar a senhora a fazer alguns procedimentos para bloquear o fraudador. Mas a gente tem que fazer rápido. A senhora tem o aplicativo do Banco instalado seu celular? Tem né, então fique tranquila que eu vou te ajudar. Anote o número do protocolo, a minha matrícula é S171171-8. Isto, agora vamos baixar um aplicativo no seu celular pra eu poder fazer uma varredura. Não se preocupe, vamos cuidar de tudo… bla bla bla…

O final desta história é mais uma senhora idosa perdendo parte expressiva de suas economias, poupadas ao longo de sua vida com muito sacrifício. Além dos prejuízos financeiros o abalo emocional sofrido por estas pessoas é enorme, pois elas se culpam por ter caído no golpe. Estes marginais virtuais não tem o menor escrúpulo em tomar o dinheiro de pessoas vulneráveis, como é o caso de grande parte da nossa população idosa. Nascidos em uma era pré digital, aprenderam a usar os seus aplicativos de banco, se adaptando a esta nova realidade de “auto atendimento bancário”. Porém se tornaram presas fáceis destes estelionatários modernos.

As abordagens para a realização destes golpes são múltiplas. Não daria para esgotar a descrição de todas aqui, mas sempre começam da mesma forma. Mas daria pra dividir didaticamente em três fases, pois sempre seguem um mesmo padrão. Vou descrever estas fases a seguir para que você fique atento e consiga identificar se está numa situação de golpe.

Na primeira fase o bandido irá tentar captar a sua Atenção. Normalmente a vítima recebe um SMS, uma mensagem de WhatsApp ou uma ligação. O falso remetente estará sempre travestido de um emissor de sua confiança, utilizando a marca do seu banco. O conteúdo da mensagem escrita ou verbal será o mesmo, colocando na frente uma ameaça ou um prêmio. Ao fazer isto ele estará aumentando o seu nível de ansiedade e pronto para o bote. Normalmente fazem isto de forma escalada, procurando aqueles que mordem a isca. Esta técnica tem o nome de pescaria

Na segunda fase tentaram estabelecer um vínculo de confiança. Estes bandidos quebram sistemas de empresas onde você pode ter feito um cadastro. Desta forma terão informações sobre você que irão lhe fornecer para que você de fato acredite que eles são do seu banco. Você vai pensar: “bom, se ele sabe o meu endereço, o meu CPF e mais isto e aquilo, só pode ser mesmo do Banco”. Além disto, são muito profissionais. Conhecem a fundo os procedimentos bancários e os imitam. Usam a mesma linguagem do seu gerente e são muito gentis.

A terceira fase é a do Arremate. Vão dizer que precisam instalar um aplicativo no seu celular ou no seu computador, normalmente o Anydesk. Basta você baixar na Loja de aplicativos que eles vão te orientar o passo a passo. Na verdade este é um aplicativo para acesso remoto em que eles vão poder acessar a sua conta remotamente e raspar o seu dinheiro. Outro arremate é enviar um “motoboy do banco” para recolher o seu cartão. Outro absurdo! O banco não precisa do seu cartão para fazer uma contestação de compra fraudulenta.

Enfim, as técnicas são múltiplas e a cada dia surgem novas. Então o que fazer? Primeiro sempre desconfiar de mensagens ou ligações que lhe apresentem um prêmio ou uma ameaça. Segundo nunca clicar em links oferecidos nestas mensagens. E terceiro e o mais importante, NUNCA seguir as orientações de uma pessoa desconhecida pelo telefone. Se um verdadeiro técnico de segurança do banco te ligar, tudo o que ele precisa é da sua confirmação se você fez ou não fez uma determina transação. Com esta simples informação, ele poderá bloquear a sua conta com um simples click no teclado de seu sistema. Se ele pedir para fazer algum procedimento, por mais profissional que ele pareça, não é um agente do banco, é FRAUDADOR.

Infelizmente estes crimes tem se multiplicado. Matéria recente da Folha de São Paulo revela que estes golpes aumentaram em 37% em 2022 e, ao que tudo indica, continua a pleno vapor em 2023. Os estelionatários que antes abordavam suas presas oferecendo ajuda em caixas eletrônicos agora habitam a o “espaço virtual”. Distantes de seus crimes, sentem-se mais seguros. E nós mais inseguros. Não seja o próximo peixe desta perversa pescaria. Avise os seus parentes e, principalmente, as pessoas mais velhas ao seu redor.

Fabiano Corrêa

Economista, psicólogo e Especialista em Investimentos

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