O sucesso financeiro é uma escolha

Um estudo do psicólogo norte-americano Walter Mischel pode nos dizer muito sobre as dificuldades que a maioria das pessoas tem em economizar dinheiro. Ainda na década de 70 ele realizou um experimento em que perguntava para as crianças de uma escola primária o que elas preferiam, comer um bombom imediatamente ou dois bombons no dia seguinte. Um expressivo número de crianças escolheu a primeira opção, abrindo mão de uma recompensa maior no futuro em nome de um prazer desfrutado imediatamente. É exatamente isto que fazemos quando deixamos de poupar parte dos nossos ganhos.

Posteriormente ele comparou as notas escolares ao longo de anos das crianças que participaram de seu experimento. O que ele observou foi que as crianças que escolheram esperar um dia para receber o dobro de bombons tiveram melhores resultados na média. O que o estudo de Mischel demonstra é que há uma óbvia relação entre a capacidade de postergar prazeres imediatos e o nosso sucesso no médio e longo prazo. Em outras palavras, quem pensa apenas no dia de hoje, provavelmente terá menos qualidade de vida no futuro.

Esta tendência ao imediatismo tem raízes na nossa história evolutiva. O homem caçador não contava com recursos tecnológicos para estocar parte de sua cassada, sendo obrigado a devorá-la antes que estragasse. Porém ao longo da história o homem desenvolveu técnicas de conservação e de cultivo. A agricultura é um investimento de médio prazo e a estocagem de alimentos o nosso melhor exemplo de como poupar parte dos frutos do nosso trabalho.

Na continuidade desta evolução encontramos os ativos financeiros. Temos hoje a nossa disposição as mais variadas formas de poupar parte dos nossos recursos, desde a simples Caderneta de Poupança, até produtos mais sofisticados como Títulos de Renda Fixa Públicos e Privados, Mercado de Ações, Moedas e etc. Conhecer estas opções é importante para potencializar os ganhos de nossos investimentos, mas nada disto adianta se não tivermos disciplina para gastar menos do que ganhamos.

Podemos então concluir que a independência financeira que tanto almejamos não se trata apenas de um fenômeno econômico, mas sim uma conquista comportamental. A chave está na capacidade de controlar a nossa ansiedade. E a ferramenta para isto é a disciplina, para que sejamos capazes de desenvolver mecanismos de controle de gastos, investimentos automatizados e planejamento de médio e longo prazo. Desta forma poderemos escolher em que fase evolutiva queremos nos colocar, se na do homem primitivo que deixava as necessidades do amanhã ao sabor da sorte ou na do agricultor que aprendeu a plantar para garantir a sua colheita futura.    

Fabiano Simões Corrêa
Especialista em Investimentos CEA – ANBIMA
Graduação em Ciências Econômicas pela UNIFRAN
Graduação e Mestrado em Psicologia pela USP
MBA em Gestão Financeira pela FGV
Certificação em Práticas Midiáticas pela Birkbeck, University of London

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