O sol é para todos 

Coluna de Flavia Chiarello

E a praia é dos carros. Esta pode ter sido a impressão de um visitante mais atento na Agrishow, a maior feira de agronegócio da América Latina, que terminou nesta sexta-feira. 

O balanço foi divulgado na tarde do último dia comemorando aumento recorde no volume de intenções de negócios de 2,4% em relação ao ano anterior, especificamente de máquinas e implementos agrícolas. São R$ 13,608 bilhões em comparação aos R$ 13,290 bilhões registrados no ano passado. Números grandes, como é o grande a força deste setor.

Quem visitou a feira viu tudo o que queria. Estavam ali as grandes máquinas do campo, as tecnologias de ponta que prometem inovação, praticidade e eficiência, os cochos sustentáveis, as novidades na agricultura de pequenos, médios e grandes produtores do Brasil e exterior.

Mas para João Marchesan, presidente da feira, apesar do gigantismo do evento, a agricultura familiar foi uma das responsáveis pelo crescimento no volume dos negócios. E aí, podemos perguntar: Será que o Brasil está se enxergando?

Sim, o agronegócio é a grande vocação brasileira. Temos terra, sol, gente, ilhas de inovação e oportunidades para fazer deste setor e do país líderes em produção sustentável. Mas temos problemas, também, todos sabem. E um deles é não admitir esta configuração pequena, que também somos nós.

Somos uma grande nação de pequenos produtores, um grande país de cidades com menos de vinte mil habitantes. E este super estado que criou esta subcidadania pode crescer junto com o setor mais pujante da nossa economia. É bonito ver o mar de carros e receber 195 mil visitantes interessados em trabalho, prosperidade e futuro. Só que o presente precisa ser pensado com praticidade, estatísticas e seriedade.

Um acidente de helicóptero na Agrishow deste ano deixou feridos e cancelou a coletiva de imprensa que traria o balanço final do evento. Os números foram divulgados , excepcionalmente, com uma nota em respeito às vítimas e aos familiares. Um dos feridos ainda estava internado quando este texto foi escrito, na tarde de sexta-feira, dia 3 de maio. Um pouso mal feito provocou o desabamento de um estande.

No último dia de feira, também, um problema em um transformador deixou todo mundo passando calor numa temperatura de 33 graus e sensação de mais de quarenta. Foram cerca de trinta e cinco minutos sem ar-condicionado, o suficiente para causar mal estar em clientes e funcionários e visitantes.

Nos vários estacionamentos, gigantes eram as filas de carros, frequentes, os congestionamentos em horários de pico e, o sol, inclemente. Será que todos nós não devemos pensar em colocar este país na sombra? O sol e o agronegócio já são nossos.

**Texto de Flavia Chiarello 

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