Nos últimos tempos, tem se tornado quase um esporte nacional — e internacional — criticar a Geração Z. As redes sociais, veículos de comunicação e até líderes corporativos ecoam a mesma queixa: “eles não querem trabalhar”. Mas será que essa é a leitura mais justa ou apenas uma repetição de padrões antigos de julgamento entre gerações?
Recentemente, me deparei com alguns colaboradores dessa geração em um ambiente profissional e resolvi fazer algo que recomendo vivamente: escutei. Sem filtros. Sem julgamentos. Apenas escutei. Perguntei como enxergavam seus colegas de outras gerações, suas percepções sobre atitudes profissionais, colaborativas e pessoais. O resultado? Surpreendente.
Se nós, de gerações anteriores — no meu caso, a Geração X — praticarmos uma escuta ativa e sem estigmas, conseguimos perceber que há, sim, um novo jeito de trabalhar. E ele pode ser, inclusive, mais produtivo, leve e sustentável. Um jeito mais preocupado com o equilíbrio, com propósito e com acordos claros entre líderes e liderados. Porque, no fim das contas, o que importa é a entrega: feita no prazo, com qualidade e alinhada às expectativas.
Mas aí vem o famoso argumento: “Essa geração não respeita hierarquia!”. Vamos refletir. A Geração Z cresceu em um mundo sem guerras mundiais, com acesso facilitado à informação e em lares onde a educação começou a mudar. A era do “ajoelha no milho” ficou para trás — e ainda bem. Não quero com isso justificar a falta de respeito ou responsabilidade, que, aliás, não são exclusivas de nenhuma geração. Mas é necessário compreender o contexto.
Hierarquia, para eles, precisa ser conquistada por mérito, não imposta por cargo. E, honestamente, esse não é um valor que deveríamos todos perseguir?
A minha proposta aqui não é endeusar uma geração nem desmerecer outras. Pelo contrário. Convido você, leitor de outras gerações, a se permitir aprender com a GenZ. Teste um mix de conceitos, atitudes e olhares. Faça uma alquimia de visões entre o novo e o antigo. Lembre-se: quando nós entramos no mercado de trabalho, o mundo era outro. Literalmente.
Tente explicar para alguém da GenZ que já existiu um telefone público que só funcionava com fichas de metal. Ou que era necessário esperar uma semana por uma carta. Ou ainda, que o fax era uma revolução! (Spoiler: eles vão perguntar “o que é fax?”).
A verdade é que acolher — e sim, isso pode parecer “passar a mão na cabeça” para alguns — é uma atitude poderosa. Acolher e aprender. Baixar os escudos, guardar as espadas e construir pontes entre gerações. Esse é o verdadeiro networking que precisamos fomentar: o intergeracional.
Se quisermos equipes mais saudáveis, ambientes mais criativos e resultados mais relevantes, precisamos nos despir dos preconceitos. A geração Z pode não querer trabalhar da forma como aprendemos, mas isso não significa que não trabalhem. Significa que trabalham diferente. E isso, meus caros, pode ser exatamente o que precisamos para evoluir.



