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Produtivo ou à beira do colapso?

Karin Lin
Karin Lin
CEO da York Solutions, mentora nas áreas de conexão de negócios, especialista em comunicação estratégica e governança empresarial. Diretora Institucional e Novos Negócios do Desenvolve Vale, presidente do conselho fiscal do Invoz e conselheira no CONFEM (CIESP-SJC). Com 17 anos de experiência na área tecnologia aeroespacial, supply chain e global sourcing. Na área pública, ocupou o cargo de diretora de relações institucionais e fomento de novos negócios da cidade de São José dos Campos.
karin lin

Durante mais de 25 anos de carreira — a maior parte deles dentro do universo corporativo — vivi intensamente o que só mais recentemente ganhou um nome: ambiente tóxico. Antes? Era apenas o “normal”. Aquela selva fria onde quem sobrevivia era celebrado, mesmo que por dentro estivesse desmoronando.

Trabalhar sob pressão era sinal de força. Aguentar calado, um talento. Responder e-mails às 23h? Comprometimento. Nunca tirar férias? Dedicação. Hoje, sabemos que isso tem outro nome: adoecimento.

Mas o que me preocupa — e é o ponto central desta reflexão — é como esse velho padrão está sendo reeditado, maquiado, higienizado… e vendido como produtividade.

Estamos vivendo uma epidemia silenciosa de burnout corporativo travestido de “alta performance”.

As pessoas continuam se sobrecarregando, só que agora com uma pitada de positividade tóxica. “Trabalhar com propósito” virou senha para se matar de trabalhar sorrindo. “Ser protagonista da própria carreira” virou sinônimo de carregar tudo nas costas. E quem ousa desacelerar, descansar ou questionar, é taxado de preguiçoso, desengajado ou “pouco sangue nos olhos”.

A verdade é que não existe produtividade sustentável onde há exaustão crônica.

E antes que digam que isso é coisa de geração Z (nascidos entre 1997-2010), que não quer “ralar”, volto no tempo e convido você a fazer o mesmo: Baby Boomers (1946-1964), Geração X (1965-1980), Y/Millennials (1981-1996)… convivemos todos por décadas sob uma mesma cultura: a da entrega a qualquer custo. A diferença? Antes ninguém falava sobre isso. Hoje temos nome, diagnóstico e estatísticas para comprovar o que já sabíamos no corpo — e que ignoramos por medo ou por lealdade cega à cultura da superação.

Sim, a Geração Z chegou com outro mindset e questionamentos, como comentei na minha última coluna (se não leu, recomendo voltar lá). Mas quem está segurando o chicote da autopressão, na maioria das vezes, ainda somos nós, das gerações anteriores.

Precisamos parar de premiar a autodestruição disfarçada de excelência.

Agora, um ponto importante: eu sempre reforçarei a excelência e o comprometimento com as entregas, os prazos e, acima de tudo, com a qualidade. Nada disso está em discussão aqui. A provocação que trago é um convite direto a você, profissional do mercado atual: reflita sobre o equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional.

Sim, o equilíbrio existe! E, sim, alcançá-lo é um grande desafio.
Mas quando você descobre a sua própria fórmula — aquela que faz sentido para você — a vida fica mais leve e, acredite, sua produtividade decola.
Não há uma receita única, assim como não existem duas digitais iguais. Cada jornada é única, e o autoconhecimento é o ingrediente-chave. Exige que você revisite seus objetivos e propósitos pelo menos uma vez ao ano. (Essa é uma dica de ouro, anota essa!)

E não pense que esse cenário é exclusividade do Brasil. Muito pelo contrário. O burnout e os quadros de exaustão corporativa são uma realidade global, e os dados de saúde mental no mundo corporativo só confirmam isso.

Mas calma, esse é um assunto para um próximo artigo, certo?

Por enquanto, deixo aqui essa reflexão: talvez o futuro do trabalho não esteja em quem corre mais, mas em quem consegue seguir em frente sem se perder de si.

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