Em loja de artigos de Natal, o que vale é o diferente

O pensamento sempre vem à cabeça de Claudio Campana Crucelli, 51, na ceia familiar em 24 de dezembro.

Quantas pessoas celebram o Natal com objetos comprados em sua loja?

“Eu sou nataleiro. Tenho orgulho disso. Para quem trabalha com eventos sazonais, nada se compara ao Natal”, afirma ele.

Ao lado da mulher Silvana Crucelli, 45, ele administra a Mania de Natal, loja que fica aberta apenas de agosto a dezembro na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. As vendas neste período cobrem por quatro meses os custos fixos do grupo, que tem outros três estabelecimentos comerciais na capital e vende materiais para datas como Carnaval, Halloween e festas juninas

Para ele, nada se compara ao que acontece na loja da rua Tutóia. Principalmente após o Dia de Finados, em 2 de novembro, quando o movimento cresce de verdade.

“O Natal é minha principal atividade. Eu vivo do Natal”, completa.

No período de 40 dias, são 2.500 clientes que compram na Mania de Natal. Neste ano, os comerciantes do setor buscam recuperar um terreno perdido em 2022. Eles acreditam que por causa da Copa do Mundo (realizada excepcionalmente em dezembro) e as eleições presidenciais, as pessoas não estavam com apetite para celebrar o Natal como antes.

O sonho é repetir o que aconteceu em 2021, pós-pandemia. A fila para entrar na loja dobrava a esquina.

“O Natal é meu ganha-pão. Tem quem venda coisas novas, Papai Noel com cor diferente, sino que toca música… Aqui, não. Aqui é tradição. Papai Noel tem roupa vermelha, duende veste verde. É o que a maioria procura”, afirma Roberto Damasceno, 38, enquanto enfileira os produtos na sua bancada colocada na rua 25 de Março, na zona central.

O camelô afirma que começa a estocar produtos em agosto e inicia as vendas no meio de novembro. Eletricista quando aparece trabalho, no final do ano ele arruma o dinheiro que dura até o início de abril, afirma, e que mantém também sua mulher e dois filhos pequenos.

Há os autônomos espalhados pelo centro que comercializam artigos natalinos, mas outros produtos procurados durante o ano todo. Damasceno aposta apenas nos que têm referências ao Natal.

A Mania de Natal também fabrica bolas que decoram árvores e laços.

“Tem dias que eu faço 120 laços”, afirma Silvana.

As compras começam cedo. No próximo 15 de janeiro, Crucelli já estará pensando no Natal seguinte. Não apenas no que poderá ter nas prateleiras. Mais importante do que isso: no que vai oferecer de diferente aos clientes. É um pensamento contrário ao do autônomo Damasceno.

Por isso ele faz pesquisa do que mais vendeu, do que não despertou grande interesse, qual o período em que a loja fica mais cheia, que tipo de artigos deverão ser lançados e quais têm chance de fazer sucesso.

“Quem frequenta nossa loja deseja novidade. Temos de trazer Papai Noel verde, prata, rosê… Se você não estiver atento a tendências, vai perder vendas. Tenho de prestar atenção no contexto. Não adianta vender a árvore de Natal. Quero vender a decoração e a montagem da árvore também. Temos um decorador em cada loja”, ressalta o comerciante.

É uma aposta que nem todos os que trabalham com artigos natalinos podem se dar ao luxo de fazer.

“Eu reponho conforme vou vendendo. Como sempre vende, consigo comprar mais produtos. Natal é garantia de vendas. Quando chega o começo de dezembro, o movimento explode”, diz Jorge Moraes, dono de uma pequena barraca no centro em que as laterais estão forradas com artigos da época.

Moraes cuida sozinho do seu comércio. É bem diferente da Mania de Natal, configurada para se expandir e virar uma franquia, segundo seu dono.

“É o momento que a gente consegue gerar empregos por causa da data. Nós passamos de 22 colaboradores para 45. Natal movimenta tudo”, constata Crucelli, que largou uma carreira de 27 anos como bancário porque conheceu Silvana, que já fabricava bolas natalinas.

Desde então, oferecer opções para as pessoas que querem enfeitar a casa para “a chegada do Papai Noel” passou a ser seu maior objetivo profissional. E três semanas depois, após o 24 de dezembro, ele já estará pensando no que terá de novo para vender no Natal de 2024.

ALEX SABINO / Folhapress

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