O Londrina empata com o Juventude. O Novorizontino perde do Botafogo. O Vila Nova é derrotado pelo Tombense. A rodada terminou com o Guarani a um ponto do quarto colocado, que é o time treinado por Thiago Carpini em Caxias do Sul. São combinações mais do que suficientes para chegarmos a conclusão de que a Série B clamará, de joelhos, para que o Guarani entre no grupo de classificação. Pense que a equipe nos últimos cinco jogos somou cinco pontos e conseguiu aproveitamento de 33,33%. Em idêntico recorte, a equipe gaúcha somou nove pontos e não desgarrou.
É uma conjuntura suficiente para fazer qualquer um jogar a toalha. A segundona não deixa. Permite a esperança entre jogadores, comissão técnica e torcida bugrina. Se o vento é tão favorável, porque alguns insistem em desistir? O que leva uma parte das arquibancadas não botarem fé de que o Guarani vai chegar no topo?
Existem duas explicações. A primeira é o desgaste do elenco. Percebe-se nitidamente que muitos estão no limite físico, cenário confirmado com fontes próximas da Comissão Técnica. E por que estão desgastados? Pela sequência de jogos estipulada pela CBF que realiza um campeonato que normalmente seria feito em oito ou nove meses e no final ocorre em um prazo pouco acima de 180 dias. Não há corpo que suporte.
Com a escalação sendo repetida jogo após jogo, quem era um foguete em condições normais, vira um traque com a bola dominada. São seres humanos. Não máquinas. Ou consideramos que Bruninho, João Victor e Bruno José caíram de produção porque desejam? Não é por aí.
Qual seria a solução? Evidente que teria sido aproveitar a janela de julho e agosto para realizar contratações que deixassem Umberto Louzer a vontade para poupar os atletas que ele considerasse necessários. Tudo isso sem deixar cair o ritmo.
A opção de Louzer por força, intensidade e velocidade é a correta para o futebol atual. Mas cobra um preço. Alto. Ora, se os jogadores e comissão técnica são vítimas, quem é o culpado? Você, rápido no gatilho, pode escolher o Superintendente Executivo de Futebol, Lucas Drubscky. Eu respondo: Nada disso. O jovem dirigente remunerado é um empregado do clube e que obedece ao orçamento estabelecido. Sendo prático: se você precisa ir ao açougue comprar uma picanha e ela custa R$ 55 o quilo e te dão R$ 10 reais, é possível comprar a quantia desejada? Não. Você faz aquisição daquilo que é possível.
Este é o ponto central. Ao renunciar ao seu protagonismo da campanha na Série B do Campeonato Brasileiro, os comandantes do Guarani involuntariamente montaram a armadilha vivida por aqueles que estão no Departamento de Futebol Profissional.
E qual seria o protagonismo ideal? Primeiro, apoio a comissão técnica neste instante de oscilação. Se acreditam tanto no trabalho ( e ele deve mesmo ser apoiado) por que não dão as caras e falam com o torcedor? Por que não encaminham um apoio explícito a um trabalho que tirou o Guarani de uma colocação intermediária para uma briga pelo acesso? São perguntas que gritam.
Vou além. Em 2021, o Guarani fechou o ano com um déficit de exercício acima de R$ 2 milhões. No ano passado, o Alviverde passou sufoco, ficou no Z4 no primeiro turno e reforçou o time com contratações como Yuri Tanque, Jamerson e Richard Rios. Não dá para saber se existe relação ou não, mas o déficit no exercício ficou acima de R$ 8,5 milhões. A quantia negativa cresceu. Ou seja, existe uma impressão de que se gastou mais para ficar na divisão e agora não se desejou gastar para subir de patamar e ter acesso a dinheiro, visibilidade e reforço da marca. Drubscky teve o mérito de segurar o elenco. Só que era preciso mais. E esse passo adiante só poderia ser feito com a anuência dos dirigentes estatutários.
Se Umberto Louzer e os jogadores levarem o Guarani ao acesso, é um fato que vai flertar com o milagre. Que este fato extraordinário vire realidade.