Nenhum país do mundo se desenvolveu sem investir maciçamente em Educação. A exigência do mercado de trabalho por profissionais que sejam capazes de lidar com as constantes inovações tecnológicas é uma questão de sobrevivência. Caso não consigamos melhorar urgentemente a qualificação da mão de obra no Brasil, continuaremos a insistir nesta maldita sina de ficar vendo o bonde passar.
E aqui em Ribeirão Preto, na nossa aldeia de chão vermelho, as recentes notícias são as piores possíveis. Documento divulgado pelo Instituto Ribeirão 2030 alerta a cidade para o fato de que os resultados de aprendizagem das nossas Escolas Municipais vêm piorando desde 2017. Segundo dados do IDEB colhidos em 2021 (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), apenas 33% dos alunos da Rede Municipal de Ensino de Ribeirão Preto aprenderam Matemática em nível satisfatório. Em 2017 este percentual era de 64% e, em 2019, já havia caído para 57%.
Estamos exatamente na contramão de outras cidades de população similar, como São José dos Campos, São Bernardo, Osasco e outras, que vinham melhorando os seus resultados de aprendizagem antes da Pandemia. A situação é tão grave que já amargamos resultados piores do que os da Rede Estadual de Ensino, que em 2021 obteve o percentual de 48% de seus alunos com aprendizagem satisfatória em Matemática. Isto é uma catástrofe!
E não se trata apenas de um problema de investimento. Uma análise recente realizada pelo Jornal Farolete demonstrou que os salários recebidos pelos professores da Rede Municipal de Ensino são 32% superiores aos salários dos professores da Rede Estadual que trabalham em Ribeirão Preto. Como a redação do Jornal alertou, “não houve juízo de valor nesta análise”, apenas uma contatação que nos deixa todos intrigados.
Esta triste situação foi discutida na Câmara Municipal de Ribeirão Preto no dia 28 de agosto em Audiência Pública convocada pelos vereadores André Rodini (Partido Novo) e Brando Veiga (Republicanos). Enquanto a Secretaria da Educação tentou imputar a culpa pelos péssimos resultados ao Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, que promoveu uma paralização do professorado municipal na reta final do Lockdown, atrasando a retomada das aulas presenciais, o Sindicato, por sua vez, culpou a Prefeitura, alegando que não foram realizadas as adequações necessárias nas escolas para que as aulas fossem retomadas com segurança.
Porém o fato é que entre desculpas e muletas, o que verificamos é que os nossos índices de aprendizagem já vinham caindo antes do início da Pandemia. Temos então um evidente diagnóstico de má gestão. O problema é estrutural e não circunstancial, a pandemia apenas agravou a situação. Ribeirão Preto é uma das cidades mais ricas do Brasil. Temos orçamento para oferecer uma melhor entrega as nossas crianças, mas ao contrário, o que temos agora é um grave déficit de aprendizagem que precisa ser explicado e tratado com urgência.
Viadutos, pontes e túneis são muito bem vindos. Os “carros” agradecem, a Indústria Automobilística também. Além disto servem para nossos políticos passearem em carros abertos para serem fotografados e angariar votos. Mas é o investimento em pessoas que de fato fará a diferença em termos de desenvolvimento socioeconômico. Neste sentido, penso que o Prefeito Duarte Nogueira e seu Secretário da Educação, Sr. Felipe Elias Miguel, nos devem uma explicação. E tem obviamente muito trabalho a fazer no curto resto de mandato que ainda detêm.
Fabiano Simões Corrêa
Especialista em Investimentos CEA – ANBIMA
Graduação em Ciências Econômicas pela UNIFRAN
Graduação e Mestrado em Psicologia pela USP
MBA em Gestão Financeira pela FGV
Certificação em Práticas Midiáticas pela Birkbeck, University of London