Sentir cólica durante o período menstrual é comum — mas não deve ser encarado como normal, principalmente quando a dor interfere na qualidade de vida. “É preciso diferenciar a dismenorreia primária, que é esperada nos primeiros ciclos da adolescência, daquela que surge ou piora com o tempo. Esse segundo caso pode indicar doenças ginecológicas como endometriose”, alerta a ginecologista Profa. Dra. Fabia Vilarino, especialista em Reprodução Humana e Cirurgia Ginecológica Endoscópica.
A cólica menstrual é resultado das contrações uterinas e da liberação de substâncias inflamatórias durante a eliminação do endométrio — tecido que reveste o útero e é descartado quando não ocorre gravidez. Essas contrações, mediadas por prostaglandinas, são o que provocam a dor abdominal característica do período.
Quando a dor é um alerta
A dismenorreia primária costuma surgir nos primeiros anos após a menarca e tende a amenizar com o tempo, principalmente após a primeira gestação. Já a dismenorreia secundária é aquela que aparece ou se intensifica depois dos 25 anos, dura mais dias e não responde aos analgésicos comuns.
“Quando a cólica vem acompanhada de outros sintomas, como dor nas costas, náuseas, alterações intestinais ou dores de cabeça, é sinal de que algo mais pode estar acontecendo”, explica a médica. “Nesses casos, o ideal é buscar atendimento especializado para investigar a possibilidade de miomas, adenomiose ou endometriose.”
Investigar é essencial
Ignorar a dor ou tratá-la como “parte da vida feminina” pode atrasar o diagnóstico e o tratamento de doenças sérias. “A investigação precoce permite intervenções menos invasivas e mais eficazes”, destaca a Dra. Fabia. Exames de imagem, como ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal ou ressonância magnética, podem ser indicados para auxiliar no diagnóstico.

Tem solução?
A boa notícia é que a maioria dos casos de cólica menstrual tem tratamento. Quando a dor é primária, medidas simples como o uso de anti-inflamatórios, compressas quentes e mudanças no estilo de vida costumam trazer alívio. Já nas dismenorreias secundárias, é fundamental tratar a causa de base — o que pode envolver uso de anticoncepcionais, DIU hormonal ou cirurgia, dependendo do quadro.
“Sentir dor todos os meses não é normal. O corpo fala, e precisamos escutá-lo. Um bom acompanhamento ginecológico faz toda a diferença na saúde e no bem-estar da mulher”, finaliza a especialista.