É difícil saber onde começa a magia do Deck Snooker Bar. Talvez seja na varanda com fachada discreta voltada para a Avenida Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello, 1820, na zona Leste de São Paulo, com vista para o trânsito, apelidada com humor de “praia do paulista” pelo dono da casa, Daniel Carboni. Ali, a regra é clara: a conversa é boa, a cerveja é gelada e o som, seja ao vivo ou saído de um CD antigo, cria o ambiente ideal para quem quer viver — e reviver.
Há 22 anos, Daniel trocou a vida de gerente financeiro por aquilo que realmente fazia seu olho brilhar: o boteco. “Boteco tem alma, tem vida, tem alegria. Você trabalha batendo papo. Era isso que eu queria para minha vida”, conta. E foi essa alma que transformou o Deck em ponto de encontro de gerações. “Casais se formaram aqui, filhos vieram e hoje já tomam cerveja com os pais. A energia aqui é boa. Deus foi generoso com a gente”, diz ele, sorrindo com a naturalidade de quem fala do próprio quintal.

O reconhecimento veio em 2024, quando o bar venceu o Comida di Buteco com o prato “Deck’s Cheese”. Este ano, eles voltam com o “Rá-Tim-Bum”, uma homenagem aos 25 anos do concurso. “A gente quis lembrar como eram as festas de antigamente. Aquelas batatinhas de copo, o filezinho bem temperado, tudo que remetesse à infância”, explica Daniel. A carne de porco, marinada por 24 horas e empanada com precisão, vem acompanhada de molhos irresistíveis — um deles, uma geleia apimentada, é um convite à surpresa.
E é impossível provar o prato sem ser tomado por alguma lembrança. O xará e cliente de longa data, Daniel Mauzer, emocionou-se. “Minha mãe fazia essas batatas em todo aniversário. Servia em copinho descartável, igualzinho. Isso aqui me levou direto praquela época”, disse.
Daniel, o dono, sabe que boteco de verdade vai além do prato. “Ninguém monta um bar para ganhar dinheiro. A gente se ferra para você sorrir”, brinca. O segredo? Estar presente. De terça a domingo, a partir das 17h, ele circula entre mesas, conversa com clientes, percebe onde pode melhorar. E quando o assunto é música, o timbre da voz sobe meio tom. Dono de uma coleção respeitável de CDs e DVDs, muitos dos quais disponíveis para os clientes escolherem, Daniel também é baixista de uma banda. “A música é minha segunda paixão. Aqui, a gente junta tudo.”
Patrícia, sua esposa, é quem comanda discretamente o atendimento. Mais tímida, prefere o balcão à entrevista, mas não passa despercebida. Essa sintonia entre os dois é parte do encanto do lugar, que parece funcionar com leveza mesmo quando está cheio.

noites de terça a domingo.
Foto: Novabrasil.
O cliente Mauzer confirma: “O ambiente sempre foi o mesmo, uma tranquilidade. E o atendimento continua espetacular”. Ele acredita no bicampeonato. E Daniel? Com humildade, responde: “Eu faço o melhor que posso. Mas tem muita gente boa no concurso. A gente só sabe no final”.
Enquanto o resultado não vem, o que fica é a certeza de que o Deck Snooker Bar é mais que um boteco premiado. É um lugar onde se ouve boa música, se prova comida feita com afeto e, principalmente, se cria memória.”
Um petisco com gosto de festa e memória afetiva

O Rá-Tim-Bum homenageia os aniversários de antigamente com um filé mignon suíno empanado que marinou por 48 horas, crocante por fora e macio por dentro, acompanhado de molhos artesanais e a clássica batatinha em conserva. O prato mistura sabor, textura e lembranças da infância, resgatando tradições com um toque de aconchego e cuidado que só um boteco de verdade é capaz de oferecer.