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Os 5 maiores sucessos de Zé Keti

Compositor e intérprete de excelência, Zé KetI é um daqueles artistas cuja obra transcende os limites da música para se tornar parte integrante da memória cultural brasileira. Para celebrar este artista tão importante para a música popular brasileira, no dia do seu aniversário, selecionamos uma lista com os 05 maiores sucessos de Zé Keti.  

Sobre Zé Keti

Ninguém cantou a vida nos morros e o cotidiano das classes populares com tanta sensibilidade e verdade quanto Zé Keti. Seus sambas, cheios de crítica social e poesia, retrataram o Brasil com um olhar generoso e, ao mesmo tempo, contestador. 

Zé Keti foi não apenas um cronista de sua época, mas um porta-voz das aspirações e desafios de toda uma geração, com um legado que reverbera até os dias atuais.

Nascido José Flores de Jesus, em 6 de outubro de 1921, no Rio de Janeiro, Zé Keti cresceu no bairro de Bangu, na casa do avô, flautista e pianista, que costumava promover reuniões musicais em sua casa, das quais participavam nomes famosos da música popular brasileira como Pixinguinhae Cândido das Neves.

O pai de Zé Keti era um marinheiro que tocava cavaquinho, e foi assim que o sambista cresceu: ouvindo as cantorias do avô e do pai. Dono de um temperamento tímido, seu nome artístico veio do apelido de infância “Zé Quieto” ou “Zé Quietinho”. 

Desde cedo, foi imerso no universo musical dos morros cariocas, onde o samba era muito mais do que um estilo musical: era uma forma de expressão e resistência. Influenciado por nomes como Noel RosaeIsmael Silva, Zé Keti começou a compor ainda na adolescência, capturando o cotidiano da vida nas favelas de forma singular e profunda.

Os 5 maiores sucessos de Zé Keti

Na década de 1940, Zé Keti começou a atuar na ala dos compositores da escola de samba Portela. Entre 1940 e 1943, compôs sua primeira marcha carnavalesca: “Se o Feio Doesse”, e, em 1947, “Tio Sam no Samba” foi o primeiro samba de sua autoria gravado, pelo grupo Vocalistas Tropicais.

Mas foi com a canção “A Voz do Morro”, de 1955, que ele realmente se consolidou como uma voz relevante na cena musical brasileira.

Gravada por Jorge Goulart, a canção fez enorme sucesso na trilha do filme “Rio 40 graus”, de Nelson Pereira dos Santos, em que Zé Keti trabalhou também como segundo assistente de câmera e ator.

A Voz do Morro” tornou-se um hino do samba e expressa o orgulho de ser sambista e a importância de dar voz àqueles que viviam nas favelas e subúrbios, muitas vezes invisibilizados pela sociedade. 

Com versos como “Eu sou o samba / A voz do morro sou eu mesmo, sim senhor”, Keti reafirma o protagonismo do sambista e morador do morro como narrador de sua própria história.

A canção foi depois gravada por grandes nomes do samba, como – além do próprio Zé Keti – Demônios da Garoa, Elis Regina e Jair Rodrigues, Alcione e Luiz Melodia.

1 – A Voz do Morro

No ano de 1962, Zé Keti idealizou o conjunto “A Voz do Morro”, do qual participou e que ainda contava com Elton Medeiros, Paulinho da Viola, Anescarzinho do Salgueiro, Jair do Cavaquinho, José da Cruz, Oscar Bigode e Nelson Sargento. O grupo lançou três discos.

Nos anos 1960, o sambista e compositor viveu um momento de transformação pessoal e artística ao integrar o Teatro de Arena. Foi convidado por Gianfrancesco Guarnieri para participar do antológico espetáculo “Opinião”, ao lado de Nara Leão (que depois foi substituída por Maria Bethânia) eJoão do Vale

A peça estreou em 1964 e foi uma resposta cultural ao golpe militar, tornando-se um símbolo de resistência e protesto. A música “Opinião”, escrita por Keti para o espetáculo, sintetizava a mensagem de luta e resiliência em meio à repressão: “Podem me prender, podem me bater, podem até deixar-me sem comer, que eu não mudo de opinião”. 

A canção se tornou um dos maiores hinos contra a ditadura e marcou a trajetória do compositor como um artista engajado, que usava sua arte como arma contra a opressão. A canção entrou para o álbum do espetáculo, em 1965, e depois foi regravada por nomes como Wilson Simonal, Maria Bethânia e Elza Soares.

2 – Opinião

Além de suas composições de protesto, Zé Keti foi um cronista dos costumes e da vida nos morros cariocas. Em “Acender as Velas” – lançada também em 1964, no álbum “Opinião de Nara”, de Nara Leão – o compositor trata com sensibilidade as dificuldades enfrentadas pela população pobre, retratando as despedidas e velórios improvisados nas comunidades. 

A música carrega uma crítica social sutil, ao mesmo tempo em que exalta a dignidade do povo em meio às adversidades e foi regravada depois pelo próprio Zé Keti, por Elis Regina e Jair Rodrigues e – mais recentemente – por Martinho da Vila e Chico César.

3 – Acender as Velas

Outra obra-prima do compositor é a canção “Diz Que Fui por Aí”, em parceria com Hortêncio Rocha, que ficou eternizada também na voz de Nara Leão, quando gravada no álbum “Nara”, de 1964. A canção, que fala sobre a liberdade de um boêmio que vaga pelas ruas do Rio, revela a capacidade de Keti de transformar o simples em poético.

No mesmo ano, a canção foi gravada por Jair Rodrigues, Elizeth Cardoso, Cyro Monteiro e Isaura Garcia. Depois, Diz Que Fui por Aí” foi regravada ao longo dos anos por nomes como Elis Regina, Elza Soares, Luiz Melodia e Fernanda Takai. 

4 – Diz que fui por Aí

Em 1966, Zé Keti alcançou o auge de sua popularidade com o samba “Máscara Negra”, em parceria com Hildebrando Pereira Matos. A composição, gravada por Dalva de Oliveira, é até hoje um dos maiores sucessos do carnaval brasileiro. 

Com uma melodia contagiante e uma letra que mistura alegria e nostalgia, a música tornou-se um clássico das marchinhas, lembrando o clima dos antigos carnavais de rua. 

A letra, que começa com o icônico “Tanto riso, oh quanta alegria / Mais de mil palhaços no salão”, é uma celebração à fantasia e à brincadeira, mas também um lembrete de que, sob as máscaras, há emoções e histórias verdadeiras.

Ao longo dos anos, “Máscara Negra” foi gravada por nomes como Jair Rodrigues, Wilson Simonal, Timbalada, Maria Rita e Elza Soares.

5 – Máscara Negra

Últimos anos

Nos anos seguintes,  Zé Kéti viveu um período de esquecimento na música do Brasil. Durante a década de 1980, morou em São Paulo e, em 1987, teve o primeiro derrame cerebral. 

Em 1995, voltou a morar no Rio, continuou compondo, cantando e lançou um disco. No ano seguinte, lançou o álbum “75 Anos de Samba”, com quatro músicas inéditas e vários sucessos antigos ecom participação de Zeca Pagodinho, Monarco, Wilson Moreira e Cristina Buarque.

Em 1997, Zé Keti recebeu da Portela um troféu em reconhecimento pelo seu trabalho e, no ano seguinte, ganhou o Prêmio Shell pelo conjunto de sua obra: mais de 200 músicas. 

Zé Keti faleceu em 1999, aos 78 anos, mas seu legado permanece vivo. Suas canções continuam sendo interpretadas por novos e consagrados artistas, e sua influência é reconhecida em diversos gêneros da música brasileira.

Em uma época de intensa censura e repressão, Zé Keti manteve sua integridade artística e pessoal, utilizando o samba como veículo para questionar a ordem estabelecida e dar voz aos marginalizados. Suas composições, que transcendem o tempo, são um testemunho poderoso do potencial da música como expressão cultural e instrumento de transformação social.

Zé Keti não apenas fez parte da história do samba, ele escreveu, com suas letras, melodias e atitude, capítulos fundamentais da história da música brasileira. Suas canções são mais do que obras de arte: são documentos vivos de uma época, reflexões sobre a condição humana e, acima de tudo, um legado de esperança e resistência para as futuras gerações.

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