Quando o assunto é vacinação, muitos ainda pensam que ela se restringe à infância. Mas a verdade é que adultos e idosos também precisam manter a caderneta atualizada, principalmente para se proteger contra doenças que ganham força com o envelhecimento e com a presença de comorbidades.
“Vacinar-se ao longo da vida é uma das formas mais eficazes de prevenir complicações graves, internações e até óbitos evitáveis”, afirma o clínico geral Dr. Alfredo Salim. “Infelizmente, a adesão à vacinação em adultos ainda é baixa, mesmo entre os mais vulneráveis.”
Desinformação e acesso dificultam a cobertura vacinal
No Brasil, a vacina da gripe é a mais difundida entre os idosos, mas nem ela atinge a meta: em 2020, a cobertura ficou em 72%, abaixo dos 90% recomendados pelo Ministério da Saúde.
Entre os principais obstáculos estão:
- · Falta de informação sobre a importância da vacinação contínua
- · Fake news e desconfiança quanto à eficácia das vacinas
- · Receio de efeitos colaterais
- · Dificuldade de acesso a postos de vacinação, principalmente entre os mais idosos
“É papel dos profissionais de saúde orientar seus pacientes sobre as vacinas indicadas para cada faixa etária e condição clínica. A prescrição médica faz diferença nesse processo”, defende Dr. Salim.
Vacinas que devem estar no radar de adultos e idosos
A lista de imunizações recomendadas é extensa e varia conforme idade e histórico de saúde. Entre as principais estão:
- · Influenza (anual)
- · Pneumocócica (23-valente e conjugada 13-valente)
- · Hepatite B (três doses, se não completadas na infância)
- · dT – Difteria e Tétano (reforço a cada 10 anos)
- · Tríplice viral (SCR) – Sarampo, caxumba e rubéola
- · COVID-19 – Conforme as orientações do Ministério da Saúde
- · Herpes-zóster – Indicada a partir dos 50 anos
- · HPV – Até os 45 anos, especialmente imunossuprimidos
- · Hepatite A, Varicela, Meningocócica ACWY ou B – Conforme o risco e perfil individual
- Grupos como gestantes, profissionais da saúde e viajantes também exigem atenção redobrada com vacinas específicas.
Prevenir é mais fácil que tratar
Dr. Salim destaca que vacinas como a da gripe podem reduzir em até 60% o risco de hospitalizações em idosos. No caso da pneumonia pneumocócica, a prevenção é ainda mais crucial para quem tem doenças crônicas ou o sistema imunológico fragilizado.
“É muito mais seguro — e econômico para o sistema de saúde — prevenir do que tratar complicações”, ressalta.

Educação, acesso e engajamento: os caminhos para avançar
Para ampliar a cobertura vacinal entre adultos e idosos, o especialista recomenda três frentes essenciais:
- · Campanhas educativas que esclareçam mitos e reforcem a importância da imunização em todas as fases da vida
- · Facilidade de acesso às vacinas, com postos bem distribuídos e horários estendidos
- · Engajamento dos médicos, com orientação direta aos pacientes e prescrição ativa das vacinas indicadas
- “A vacina não é só proteção individual — é também um gesto de cuidado com a comunidade. Precisamos assumir isso como compromisso coletivo”, conclui Dr. Salim.