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Conversas em grupos de WhatsApp expõem rotina e ordens da cúpula do CV

Mensagens anexadas à denúncia do MP-RJ revelam como integrantes da facção usavam grupos para coordenar ações

Grupo de presos durante operação policial na Vila Cruzeiro, no Complexo de favelas da Penha. Barricadas foram feitas por traficantes para tentar impedir o acesso da polícia. Houve troca de tiros. Há polícias e bandidos feridos e mortos. | Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress
Grupo de presos durante operação policial na Vila Cruzeiro, no Complexo de favelas da Penha. Barricadas foram feitas por traficantes para tentar impedir o acesso da polícia. Houve troca de tiros. Há polícias e bandidos feridos e mortos. | Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress

Grupos de WhatsApp eram utilizados para comandar ações da facção criminosa Comando Vermelho (CV), revelam mensagens obtidas pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). Os prints dessas conversas foram anexados em denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) no âmbito da Operação Contenção, que deixou cerca de 120 mortos e foi considerada a ação policial mais letal do estado.

Nos diálogos obtidos pela polícia, chefes do tráfico repassavam instruções, decidiam estratégias e monitoravam a rotina do principal líder da facção, Edgar Alves de Andrade, o Doca, foragido há sete anos. Integrantes próximos ao chefe se revezavam na vigilância das comunidades e na administração dos negócios da organização criminosa. As provas incluem prints, fotos, vídeos e áudios trocados pelos próprios criminosos.

Além de Doca, compõem o alto escalão do CV: Pedro Paulo Guedes (Pedro Bala), Carlos Costa Neves (Gardenal), Washington Cesar Braga da Silva (Grandão).

Estrutura do grupo

Pedro Bala é apontado como a maior liderança do CV no Complexo da Penha, ao lado de Doca. Ele tem mais de 167 anotações criminais, incluindo homicídio, tráfico, roubo entre outros. Gadernal o chama de chefe nos registros em mensagens. “Ninguém dá tiro sem ordem do Doca ou do Bala. Vamo pegar a visão”, diz trecho de um dos registros.

Gardenal, descrito como responsável direto pela proteção de Doca, decide quem pode se aproximar da casa do chefe, conhecida como “Toca do Urso”, e controla quem entra nos grupos de WhatsApp da cúpula. Ele está acima de Grandão na hierarquia da facção.

“Rapaziada, pegar a visão aqui aqui no portão do pai, ninguém entra armado aqui dentro da casa e ninguém entra sem autorização. Samuca e Tizil fica responsável aqui na porta”, diz Gardenal em uma das mensagens.

“Frisar bem o papo, não pensa com o coração e nem amizade. Isso é o crime”, diz outra mensagem de Gardenal.

Grandão, por sua vez, tem papel administrativo e é considerado o síndico. É ele quem passa recados, organiza escalas de plantão, trata de pagamentos e até comanda a produção de bailes funk ligados ao grupo. Nas redes sociais, mantinha um perfil com mais de 30 mil seguidores e realizava enquetes sobre os eventos da facção.

Os “soldados” do CV, como são chamados os integrantes de base, descrevem a todo momento suas rotinas nos chats, relatando patrulhas, informando a presença de viaturas e repassando ordens superiores.

Nas mensagens obtidas, os membros também discutem a prestação de contas da facção no grupo de WhatsApp. Em um registro, um homem identificado por Dilma fala que chegou um “menor” para pegar o pagamento de Belão do Quitungo, que foi preso na operação no Complexo do alemão. Outro fala em recolher os lucros de uma boca de fumo.

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Quem é Doca, principal alvo da operação

Com 273 anotações criminais e 32 mandados de prisão em aberto, Edgar Alves de Andrade, o Doca, é apontado como o mais influente líder do Comando Vermelho em liberdade. Sua única prisão ocorreu há quase 20 anos, após uma troca de tiros com policiais durante uma operação contra o tráfico. Ele resistiu a ação por horas, o que o fez ascender na hierarquia da facção, mesmo estando encarcerado.

A lista de crimes pelos quais Doca é procurado inclui tráfico de drogas, organização criminosa, tortura, extorsão, corrupção de menores e ocultação de cadáver.

Um relatório da da DRE descreve Doca como um chefe violento apontado por ordenar confrontos armados contra forças de segurança e estimular roubos de veículos e cargas. Na hierarquia da facção, ele está logo abaixo de Fernandinho Beira-Mar, preso há 24 anos, e Marcinho VP, preso há 31 anos.

Em 2021, Doca foi investigado sob suspeita de planejar o resgate de detentos de Bangu por helicóptero e é apontado como mandante do desaparecimento de três meninos em Belford Roxo, entre 2020 e 2021. Para o MP, ele autorizou a tortura e a morte das crianças, que teriam furtado um passarinho.

Doca é tido como discreto, mas, dentro da favela, vive com ostentação: gosta de ouro e de motos. Ele já foi citado em pelo rapper Oruam, em letras de funk que mencionam a “tropa do Urso”.

Há pelo menos uma década, Doca e Pedro Bala dividem o comando do tráfico na Vila Cruzeiro. Documentos da Justiça indicam que Bala assumiu a chefia da facção em 2015 e foi substituído por Doca no ano seguinte.

Mesmo após a mudança, os dois continuaram atuando juntos, liderando a Tropa do Urso, braço do CV que tenta expandir o domínio da facção. Uma das ofensivas ocorreu em agosto de 2022, quando o grupo tentou tomar o Complexo de São Carlos, região central do Rio, controlada pelo Terceiro Comando Puro (TCP).

Considerado o principal alvo da Operação Contenção, Doca segue foragido. O Disque Denúncia do Rio de Janeiro oferece uma recompensa de R$ 100 mil por informações que levem à sua prisão. O cartaz com sua imagem foi divulgado nesta quinta-feira (30).

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