Ponte Preta: a gritaria justa dos inocentes e o silêncio daqueles que exercem o poder

Elias Aredes
Elias Aredes
Elias Aredes Junior é jornalista formado desde 1994. Já trabalhou nos jornais Diário do Povo, Tododia e agora está no Correio Popular. Também atuou na TV Século 21, Rádio Central e atualmente está na Rádio Brasil. É responsável pelo portal Só dérbi (www.soderbi.com.br)
Foto: Diego Almeida/PontePress
Foto: Diego Almeida/PontePress

A Ponte Preta empatou sem gols com a Internacional de Limeira. Pânico na arquibancada. Desespero nas redes sociais. O futebol não apareceu. A produção é baixa. O temor é que o fantasma do rebaixamento ressurja. Com perspectiva sombria, todo mundo procura culpados. É o técnico João Brigatti? O presidente Marco Antonio Eberlin? Os integrantes do Conselho Deliberativo? Não é fácil encontrar a resposta.

É uma temática profunda. Precisa de tempo e paciência. Seria inócuo pensar em inocentar os atuais dirigentes e a Comissão Técnica. O resultado deixou clara a necessidade de aperfeiçoamento do esquema tático. Não é possível João Brigatti considerar normal um rendimento tão pífio. A entrevista coletiva após o confronto pelo menos demonstrou a consciência do quadro por parte do comando, apesar do diagnóstico ser diferente, ou seja, para o técnico não é apenas um problema de deficiência tático ou técnico. “Hoje fomos desorganizados, sem recomposição, mas os atletas tiveram vontade. Optamos pelo 4-2-3-1, mas os extremos ficaram abertos demais. Tem que ter compactação, tem que ter recomposição. O Dodô e o Renato, principalmente quando a bola estava do outro lado, tinham de fazer a recomposição por dentro, e eles não fechavam”, disse o treinador, que neste ano ficou envolvido diretamente nas contratações e talvez isso explique sua ansiedade em ver tudo acontecer. Muito simples: se o time fracassar, ele será em dobro para João Brigatti porque ele escolheu diretamente os atletas contratados.

Então o presidente está inocentado deste início irregular? Nada disso. Mesmo que as escolhas tenham sido feitas diretamente por João Brigatti, é evidente que ele, Eberlin, é o responsável pela instituição, por seus acertos e erros. Seus defensores, é lógico, vão enumerar feitos e mais realizações estruturais. Ok. Isto não isenta equívocos de gestão como a ausência de um Executivo de Futebol e a inexistência de declarações do gerente de futebol, no caso Ricardo Koyama.

O roteiro é conhecido do torcedor. Os responsáveis idem. Então qual a diferença na atualidade? Podemos nomeá-la de esquecimento. Sim, porque os erros e desacertos de gestão no futebol profissional são tão constantes e lineares (para pior) que muitas vezes esquecemos de quem fomentou o quadro.

Não falo apenas das administrações anteriores, que, lógico, construíram um quadro pré-falimentar. Só que não há como ignorar o papel deficiente do Conselho Deliberativo, cuja maioria não contesta de modo veemente e na maioria das vezes aceita as explicações da atual Diretoria Executiva. Aplausos por vitória nas ações judiciais? Nas melhorias estruturais? Podemos até considerar normal. Discordo, mas cada um tem seu critério. Só que é impossível aplaudir de pé uma diretoria que colheu um rebaixamento na Série A-1 de 2022, duas campanhas de medianas para ruim na Série B e cujas negociações não são esclarecidas ao torcedor, como fazem equipes como o Fortaleza e Corinthians. E o Conselho Deliberativo considera normal.

A única inocente nesta história toda é a torcida. Todos aqueles que de alguma forma exerceram o poder na Ponte Preta nos últimos 28 anos devem carregar sua parcela de responsabilidade. O que não dá é ver a esperança do torcedor esvair-se como água e não há reação. Consequência: diminuem as possibilidades de redenção. É triste demais.

(Elias Aredes Junior)

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