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Gaby Amarantos: MPB também é brega?

Gaby Amarantos sempre soube que incomodaria. Desde os tempos em que cantava nos bailes de aparelhagem em Belém, ela desafiava os padrões estéticos e musicais que a elite cultural impôs à música brasileira. Seu som mistura tecnobrega, carimbó, guitarrada, pop, eletrônica e ancestralidade afroamazônica. E é justamente por essa mistura, por esse som de floresta e cidade, que Gaby redefiniu o conceito de MPB — mostrando que o “brega”, tão marginalizado, é também parte fundamental da música popular brasileira.

A pergunta “MPB também é brega?” provoca risos, mas é séria. Por décadas, o termo “brega” foi usado para desqualificar tudo o que era popular demais, colorido demais, sentido demais. O Brasil oficial sempre olhou com desdém para a cultura das periferias, das festas de bairro e das rádios comunitárias. Gaby Amarantos transformou esse preconceito em bandeira, afirmando que o brega é emoção pura — e emoção é o que move a MPB desde sempre. Sua trajetória é a de uma mulher negra, nortista, que decidiu ocupar espaços antes negados às suas origens.

O álbum Purakê é um exemplo dessa revolução estética. Nele, Gaby fala de ancestralidade, feminismo e meio ambiente com a força de quem carrega a Amazônia na voz. A cada música, ela rompe o estereótipo de que o Norte é apenas exótico, apresentando um som urbano e global, mas profundamente enraizado em sua terra. É nesse cruzamento de mundos que a artista prova: a MPB é um guarda-chuva onde cabe tudo — inclusive o brega, que é, afinal, a emoção popular em seu estado mais puro.

Ao lado de nomes como Dona Onete, Jaloo e Fafá de Belém, Gaby é uma das responsáveis por recolocar o Pará no mapa cultural do Brasil. Sua influência já se espalha por outras gerações e regiões. Jovens artistas veem em sua trajetória uma afirmação de que a arte não precisa pedir licença para existir. Gaby canta com humor e dor, com corpo e alma. Sua música é um grito e uma festa. Se o brega é exagero, é porque o Brasil também é.

No fim das contas, Gaby Amarantos nos lembra que a MPB só é grande porque é diversa. E que o brega, com todo seu brilho e dramaticidade, é parte essencial dessa grandeza.

Essa publicação é fruto de uma parceria especial entre a Novabrasil e o Fórum Brasil Diverso, evento realizado pela Revista Raça Brasil nos dias 10 e 11 de novembro, que celebra a diversidade, a cultura e a potência da música negra brasileira. Não perca a oportunidade de participar desse encontro transformador — inscreva-se já www.forumbrasildiverso.org

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