Suspeito envolvido em caso de PM Luca, morto por ‘tribunal do crime’ em Guarujá, é preso em Santa Catarina

Reprodução

Samuel dos Santos Gomes, conhecido como ‘Fininho’, suspeito de participar do sequestro, tortura e morte do policial militar Luca Romano Angerami, de 21 anos, vítima do ‘tribunal do crime’ da região da Vila Baiana, em Guarujá, litoral paulista, foi encontrado e preso em Santa Catarina, estado a mais de 600 km de distância de São Paulo.

Sua prisão foi resultado de uma intensa investigação por parte da Agência de Inteligência de Navegantes, cidade onde o homem estava escondido. As diligências teriam iniciado após a Polícia Militar de São Paulo informa-los sobre a possibilidade do criminoso estar na região.

O Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT) e o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) com uma equipe especializada do departamento “PM Vítima” prestaram apoio à investigação e ação, sendo Samuel localizado na UBS (Unidade Básica de Saúde) Volta Grande. Ele não resistiu à prisão.

O homem foi detido e encaminhado para uma delegacia, ficando à disposição da Justiça. A Equipe do TH+ entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública de ambos os estados para mais detalhes sobre o ocorrido, mas até o momento, não houve retorno.

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PM Luca foi torturado

O corpo de Luca Romano Angerami, de 21 anos, policial militar visto pela última vez entrando a pé em uma ‘biqueira’ da comunidade Vila Santo Antônio, na cidade de Guarujá, litoral paulista, foi encontrado na manhã do dia 20 de maio, após mais de um mês de buscas ininterruptas.

Ao todo, durante as investigações do caso, 9 suspeitos de participação no desaparecimento do soldado foram identificados e presos. Durante as buscas, também foram encontrados 8 cadáveres e outros dois conjuntos de vestígios genéticos.

Policiais do 1º e 5º Distritos Policiais de Santos (SP) caminharam durante duas horas para chegar ao local onde estava o corpo, em cima de um morro na região da Vila Baiana. O corpo de Luca estava enrolado em uma lona, e a identificação foi possível por meio das tatuagens do soldado, visto que o corpo não estava em estado avançado de decomposição.

O cadáver tinha 18 marcas de tiro de arma de fogo e um cadarço amarrado no pescoço. De acordo com exames da perícia, a causa da morte teria sido por hemorragia interna, após ser atingido com os disparos. Os laudos também apontam que ele teria sido morto cerca de 6 semanas antes do corpo ter sido localizado, portanto, Luca morreu logo após ter sido visto entrando na ‘biqueira’.

O que já foi descoberto

Segundo o delegado Fabiano Barbeiro, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), a cronologia dos fatos foi baseada em depoimentos dos suspeitos presos e na investigação.

De acordo com o que descobriram, a motivação do crime teria sido única e exclusivamente por se tratar de um policial militar, e pelo soldado estar “no lugar errado, na hora errada”.

A ação criminosa teria acontecido da seguinte forma: o PM foi identificado enquanto ainda estava na adega, na comunidade Santo Antônio, em Guarujá, litoral paulista. Os criminosos teriam o colocado em um carro e o levado até o final da Rua Chile, na Vila Baiana. Este foi o último momento em que Luca foi visto vivo, entrando em uma ‘biqueira’.

Quando chegaram, o soldado teria sido levado à uma casa abandonada, onde utilizam para o conhecido ‘tribunal do crime’. Quando decidiram a ‘sentença de morte’ de Luca, o jovem foi levado até uma clareira, no morro, onde foi executado e colocado em uma cova.

Durante as buscas da polícia, e a repercussão na imprensa, os criminosos decidiram mudar o corpo de lugar, para dificultar o trabalho dos agentes, e enterraram o PM em um local de mais difícil acesso.

A descoberta pelo corpo só foi possível após um homem, que não teve sua identidade revelada, mapear o Morro da Vila Baiana à polícia. Seis policiais andaram cerca de duas horas até chegarem ao local, e estavam com fotos das tatuagens de Luca, para ajudar na identificação.

Prisão após corpo encontrado

Após o corpo de Luca ter sido encontrado, a Polícia Civil segue investigando o caso, e 12 envolvidos no caso já haviam sido presos, aumentando o número para 13 nesta terça-feira (3) com a prisão de ‘Fininho’. Oito deles foram denunciados pelo Ministério Público de São Paulo. Os acusados podem responder por homicídio com as qualificadoras: integrar organização criminosa, tráfico de drogas, sequestro, roubo e ocultação de cadáver. 

O último que havia sido preso, relacionado ao crime contra o PM, foi Gabriel Santos de Jesus, que é conhecido como ‘Irmão Biel’, apontado como o dono da biqueira onde Luca foi visto entrando pela última vez. O suspeito teria dado a ordem para o sequestro do PM. O homem já foi preso duas vezes por roubo e é investigado por organização criminosa, associação ao tráfico e homicídio.

Linha do tempo

No dia 14 de abril, Luca estava com um casal de amigos em uma adega. Em um vídeo do estabelecimento comercial, é possível vê-lo no caixa, por volta de 1h18. O jovem teria saído do local, e dirigido até uma ‘biqueira’, na mesma comunidade, onde permaneceu cerca de 40 minutos dentro do carro, sozinho. Dois homens, então, teriam o rendido.

Por volta de 6h41, em novas imagens, Luca é visto entrando acompanhado de um homem no ponto de tráfico de drogas. Depois deste momento, o PM não foi mais visto.

Quando o desaparecimento do soldado foi registrado, as investigações e buscas iniciaram. No mesmo dia 14, por volta de 19h30, um primeiro suspeito foi preso: Edivaldo Aragão, de 36 anos. O homem estava próximo a um ponto de tráfico de drogas na Rua das Magnólias (Guarujá), e apresentava atitudes suspeitas.

Após a abordagem, o suspeito confessou o sequestro e suposto homicídio de Luca, de forma espontânea. O homem disse não ter agido sozinho. Segundo o relato, o grupo não sabia inicialmente se tratar de um policial militar, mas viram a arma e pegaram sua carteira. Então, entraram no carro da vítima e o levaram até São Vicente, onde teriam o executado com a arma do próprio soldado. Depois disso, teriam amarrado as pernas de Luca com uma pedra, e o jogado de cima da Ponte do Mar Pequeno, em São Vicente.

O suspeito foi autuado em flagrante por sequestro qualificado e roubo majorado na Delegacia de Polícia (DP) Sede de Guarujá. Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), ao ser conduzido à delegacia, no entanto, o homem manifestou o desejo de falar somente em juízo.

Quatro dias depois, no dia 18 de abril, o segundo a ser apreendido foi Carlos Vinícius Santos da Silva, conhecido também como ‘Malvadão’, que acompanhou Luca na ‘biqueira’.

A prisão de Carlos e seu relato levou a polícia à mais quatro envolvidos. Cada um teria tido um papel no desaparecimento: um teria ficado com a arma de Luca; outro teria abandonado o carro; um seria o dono da biqueira; e o último foi quem teria dirigido com o PM até a comunidade.

No dia 22 de abril, o sétimo envolvido teria se entregado espontaneamente na Divisão de Homicídios de Santos. Já o oitavo suspeito foi encontrado e preso por volta das 19h30 do dia 26, na Avenida São Gonçalo, em Bertioga. A polícia conseguiu identifica-lo e localiza-lo após os relatos dos outros presos. Em seu depoimento, foi citado um local onde o policial teria sido levado, no Guarujá. Após se dirigirem até o endereço citado, a polícia não encontrou indícios do crime.

Ainda sobre essa última prisão, foi constatado que o suspeito tinha um mandado de prisão temporária em aberto. O caso foi registrado na Delegacia de Polícia do Guarujá como captura de procurado.

Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), na tarde do dia 24 de abril, policiais civis da 3° Delegacia de Homicídios do Deinter 6 também localizaram um barraco na Rua Argentina, no Guarujá, onde o soldado teria sido mantido.

No dia 10 de maio, outro suspeito, de 41 anos, foi capturado por policiais militares, em cumprimento a um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça.

Corpos encontrados

Dois dias após o desaparecimento do soldado, no dia 16 de abril, a Polícia Militar recebeu uma denúncia de um corpo localizado no conhecido ‘Cemitério Clandestino’ de criminosos da cidade, mas após as buscas e atuação do Corpo de Bombeiros junto à equipe de perícia, a hipótese de ser Luca, foi descartada.

No dia 22 do mesmo mês, mais dois corpos foram encontrados. Policiais militares realizavam uma ação conjunta com a Prefeitura de Guarujá, nas buscas pelo soldado desaparecido, quando localizaram duas ossadas sem identificação, na Rua Paraguai, no bairro Vila Baiana. Este local fica a aproximadamente 5 km de distância de onde o PM foi visto pela última vez. Porém, o corpo já estava em estágio de decomposição, tal qual seria impossível ser o de Luca, devido ao número de dias que o crime teria acontecido.

Outros três corpos foram localizados na manhã do dia 24 de abril, também na Rua Paraguai. Os cadáveres já estavam em estado avançado de decomposição. A perícia foi acionada ao local dos fatos, mas nenhum deles é do soldado desaparecido.

No dia 27, a polícia, com a ajuda de um cão farejador especializado em encontrar cadáveres localizou um ponto onde haveria outro possível corpo. As equipes trabalharam na região, de difícil acesso, mas mesmo após cavarem quase dois metros, não localizaram o corpo. O material do solo foi recolhido para exames complementares.

Já no último dia 30, uma ossada antiga foi achada na Rua Argentina, por volta de 13h. Após a ação realizada em conjunto com as polícias Civil e Militar e do canil do Corpo de Bombeiros, os agentes se depararam com a cova onde estavam os restos mortais. Porém, não há indícios de ser de Luca.

Já no mês de maio, no dia 2, policiais militares ambientais localizaram mais duas ossadas. Os corpos foram localizados na Vila Baiana, na cidade de Guarujá, onde outros cadáveres já foram localizados.

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